Na Feira do Largo da Ordem, aos domingos, uma extensa fila dá a dica e algo bom. O sucesso da barraca e o cheiro bom revela que há algo saboroso à venda. Se você usa rede social, com certeza deve ter se deparado com um pastel assado super recheado da Catharina. Catarina Halas, de 57 anos, atingiu um sucesso que não imaginava. Começou há 15 anos fazendo pastéis assados na feira e hoje pode dizer que conquistou muita coisa.
Um simples vídeo, gravado de primeira, fez Catarina viralizar na internet e bombar em reportagens de TV – até na Globo, em rede nacional, ela apareceu. Um pastel assado em formato de pinhão, recheado com linguiça Blumenau, requeijão e pinhão fez muita gente – de Curitiba e também de fora – querer entrar na tela do celular para experimentar. A combinação não tem como dar errado.



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Antes de contar a história da Catarina, devo dizer que o Rango Barateza passou um domingo lá na barraca dela e provou os pastéis. E claro que fui direto no que tem sido sucesso: pinhão, linguiça Blumenau e requeijão (R$ 30). Bem recheado, de tamanho razoável, o pastel tem um recheio bem temperadinho. O pinhão é cortado ao meio, bem cozido, e se destaca no meio do pastel. Os outros ingredientes do recheio são bem distribuídos e ninguém rouba a cena. A não ser mesmo pela massa super leve e fininha do pastel assado. Lembra um pouco uma massa de torta, mas sem gordura, só que macia e levemente úmida – para desmanchar na boca.
Aproveitei o passeio e provei um clássico do cardápio: costela com cream cheese (R$ 23). Este é também um dos mais pedidos. E logo na primeira mordida você entende bem o motivo. A costela do recheio é uma delícia, bem desfiada, molhadinha, sem grumos, se entrelaça com o cream cheese e forma uma dupla perfeita com o queijo cremoso.
Junto com o pastel, você leva também um molhinho para acompanhar. Provei a clássica maionese verde e a pimenta de maçã verde – os dois são muito bons. O de pimenta é leve, agradável, combina muito com o pastel e levemente adocicado. A maionese verde tem um tempero bem dosado, um leve alho que não pesa e não deixa a gente lembrando dele depois. Bem equilibrado, para combinar com o pastel.
15 anos de história
Não foi só pelo sabor do pastel que Catarina conquistou a fama na internet. Seu jeito simples, carismático, talvez tenha sido a receita para conquistar o público, que já nessa altura do campeonato está um pouco cansado das excentricidades dos sanduíches e pratos de restaurantes, quase que pornográficos de queijos e molhos, que são super dimensionados para causar um grande impacto na rede social – que a gente sabe que a grande maioria não é nada disso.
Neta de poloneses, Catarina aprendeu desde menina a cozinhar. Antes dos pastéis, trabalhava como diarista, mas sempre cozinhou muito bem. “Cozinho desde criança, com uns 5 anos, quando fui morar com a minha avó. Polaca, ela tinha uma fazenda e lá fazia de tudo. Ela fazia massas e eu ia junto. Eu não sou de seguir receitas, eu invento elas”, contou Catarina.
Ela sempre fez uma encomenda de pão ali, uma massa aqui, e assim por diante. Até que começou a fazer pastel assado e vender no condomínio onde morava. Passou a oferecer para o pessoal do prédio e criou um público cativo. Recebeu encomendas para festinhas, aniversários. Foi aí que Catarina pensou: por que não fazer para vender na feira?
“Eu comecei na feira vendendo o pastel em bandeja, pequeno. No começo ninguém conhecia, então eu ia lá e dava amostrinha. Eu levava, conversava. E por que não fazer maior? Eu aumentei. A nossa massa, eu que inventei, não vai ovos, não vai leite. É única no Brasil e no mundo. Dez pastéis assados você pode comer que não vai ter a minha massa. É bem boa”, garante a empresária.

Quando ela decidiu ter uma barraca na feira do Largo da Ordem, foi ousada. “O pessoal falava, ‘você tem coragem de ficar no meio de dois pastéis fritos?’ Cada um vende o seu peixe, vamos tentar conquistar o público”, revelou.
E ela conquistou mesmo. A feira do Largo da Ordem, um dos passeios mais turísticos da capital, recebe pessoas do Brasil e até do exterior. E quem fica sabendo dos pastéis da Catharina vem logo provar. Por usar pinhão, semente muito consumida aqui no Sul, o pastel chama logo a atenção de quem vem de fora. Na Catharina, são três sabores de pastel assado com ele: pinhão com tomate e cebola, pinhão com carne e queijo e o mais novo e pop pinhão com linguiça Blumenau e requeijão.
Os sabores foram pensados e elaborados pela família. Catarina, que trabalha com o marido e o filho, está sempre testando receitas novas.
Produção semanal a todo o vapor
Os pastéis assados da Catarina tem produção a todo o vapor durante a semana. Além da Feira do Largo da Ordem aos domingos, a barraca da Catharina também está presente na feira de orgânicos do Passeio Público aos sábados pela manhã.
Para conseguir dar conta de toda a clientela, que cresceu nos últimos anos, os pastéis são produzidos durante a semana, de terça a sexta, e chegam prontinhos nas feiras – eles são apenas aquecidos em forno antes de chegar nas mãos do cliente.
Catarina e o filho Luan, que ajuda na parte de marketing e administração do negócio, se dedicam na produção dos pastéis. Atualmente, Catarina revela que chega a produzir mais de 500 pastéis só de pinhão. Fora os outros mais 20 e tantos recheios. A massa, para ficar no ponto perfeito que tem hoje, foi testada muitas e muitas vezes. “Joguei muita massa fora até chegar na receita que eu uso hoje”, revela a empresária.
A qualidade e o sabor do pastel assado também é resultado de recheio sempre fresquinho e massa fresquinha. Catarina não deixa nada congelado, faz tudo na hora. “Na terça a gente começa a fazer os tipos de recheios, de quinta a sexta e sábado fazemos os pastéis. Tem a feira do Passeio Público no sábado de manhã e a do Largo da Ordem no domingo. Chego na feira umas 5h30 para montar tudo, quando chega umas 13h30, 14 horas já quase não tem mais pastel”, confidencia.
Por causa da venda do pinhão, que é limitada durante o ano por causa do período de colheita, os pastéis de pinhão são vendidos apenas durante um período do ano. E neste próximo fim de semana, 20 e 21 de setembro, são os últimos dias de pastel de pinhão nesta temporada de 2025. Depois da data, só vai dar para provar o pastel de pinhão em 2026.
Com a ideia de pegar mais feiras durante a semana, Catarina sonha e expandir. “As pessoas pedem. Tem turista que não fica em Curitiba no fim de semana e quer provar”.
As noites, madrugadas, feriados, aniversários. Ao longo desses 15 anos, Catarina abraçou a produção de pastéis e se sacrificou. Mas valeu a pena. Hoje, o marido que antes trabalhava como segurança agora ajuda no negócio. O filho Luan, que foi um grande incentivador da mãe desde pequeno, hoje é orgulho dos pais – um advogado formado.
“É muito trabalho, muito sacrifício. Mas tudo que eu conquistei foi, graças a Deus, muito gratificante. Só tenho a agradecer. Eu falo, quando eu tiver 90 anos vocês anda vão ver fila na minha barraca, quero ainda estar trabalhando”, brinca.
*Os valores do cardápio divulgados no post são de setembro de 2025 e podem sofrer alterações.

Bora de pastel?
A Catharina Pastéis Assados está presente em duas feiras, na feira do Passeio Público, aos sábados, das 8 às 13 horas, e aos domingos, na Feira do Largo da Ordem, das 8 às 14h30 – ou até quando tiver pastel! A dica é chegar cedo.
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