Kafka tinha alucinações porque era viciado em pão com bolor de Tlön

Todo mundo que gosta de literatura sabe que Max Brod recebeu ordens expressas de Franz Kafka para destruir a maior parte de sua obra não publicada, porque foi escrita sob influência de substâncias alucinógenas alienígenas que vieram do espaço com a garoa de Praga e foram parar no fundo do quintal da casa do escritor. Qualquer sujeito que pertence a uma sociedade secreta literária, destas que existem em quaisquer esquinas das grandes cidades sabe disso.

Está tudo no Códice da Barata. Uma espécie de Código da Vinci virado do avesso. Brod jurou que ia botar fogo em tudo aquilo mas foi só Kafka fechar os olhos que ele correu para uma gráfica mais próxima e publicou tudinho. Kafka ficou famoso e Brod achou um sarro.”Foi só ele morrer que a coisa funcionou. Ele vai virar um bicho quando souber disso”, pensou. E de sacanagem ainda mandou um telegrama para o além: “Amigo, você está abafando por aqui, pode?”.

E ainda provocou: “Pena não poder curtir toda esta fama e toda esta grana”. Mas tudo bem. Max Brod sempre limpou a barra de Kafka que era alto e meio doidão. Digo para os padrões judeus, tchecos e alemães de seu tempo. As cartas para Milena, por exemplo, só foram publicadas as publicáveis. Max Brod não deixou publicar as que comprometiam o escritor, principalmente aquelas em que disse que adorava o chulé da tradutora de suas obras para o tcheco, porque Kafka além de doidão e esquisito, ainda gostava de escrever em alemão.

Em outra carta para Milena, Kafka confessou ser viciado em tlönita, poeira do planeta Tlön que vinha para a Terra em correntes espaciais. Em contato com o pão Matzo, a tlönita produzia bolor que tinha efeito de colocar o cérebro do sujeito em contato com o Cosmos de Nova York. E toda tlönita que precisava Kafka pegava no fundo de sua casa nas manhãs praguentas. Daí para ter um barato e acordar imaginando que era uma barata era um passo.

Na última carta para Milena, Kafka escreveu: “Cê imagina que esta manhã eu acordei achando que era um inseto que escapou da Colônia Penal e foi parar na América, por causa de um processo que nem sei de que se tratava?”. Milena respondeu com doçura: “Querido, cê tá cada vez mais doidão”. Quem não gostava dos baratos de Kafka era seu pai, um sujeito conservador, austero e com fortes tendências ao materialismo monetário.