“Aqui é a Milena. Estou ligando pra perguntar como está a tua coluna”

O telefone tocou: “Oi, tudo bem? Aqui é a Milena. Estou ligando pra perguntar como está a tua coluna”. Eu disse que estava bem. Pelo menos era o que diziam amigos e conhecidos. Eu perguntei se ela lia e ela disse que falava de São Paulo. Eu retruquei: “Você pode acessar no Paraná Online”. Ela riu como se eu tivesse contado uma piada. Achei que fosse simpatia dela ou coisa parecida. Fez-se silêncio por alguns segundos e ela disse: “É que amanhã é o Dia Mundial da Coluna”.

Eu fiquei impressionado: existe Dia do Jornalista, Dia do Jornalista Católico, Dia do Repórter, Dia do Radialista, Dia do Leitor e agora esta novidade, Dia Mundial da Coluna. Putz! Como não sabia o que responder, eu disse: “Puxa, que bacana!”. Milena perguntou se eu ia publicar alguma coisa sobre coluna. Eu respondi que publico coluna sobre todo tipo de coisa. Ela riu de novo, como tivesse achando graça de uma piada que acabei de fazer.

Então Milena limpou a garganta e disse: “Você sabia que mais de 70 por cento da população portuguesa já sofreu ou sofre com dores na coluna? E que doenças da coluna representam 50 por cento dos problemas de incapacidade física e ausências no trabalho?”. Não sabia. A ficha caiu. Ela falava de coluna vertebral e não de coluna no jornal.

Como era assunto fora de minha área de ação, embora importante, perguntei para esclarecer uma dúvida: “Se você fala de São Paulo, porque mencionou dados da população portuguesa?”. Milena respondeu que achou os dados na internet. Eu perguntei: “Você sabia que 17 de maio é o Dia Mundial da Internet?”. Milena ficou em dúvida. Por fim indagou: “É verdade?”. Eu disse que era.

Comecei a suspeitar que Milena fosse atrapalhada. A suspeita se confirmou quando ela perguntou: “Você é o Carlos Nascimento, não é?”. Eu respondi que Carlos era antes do nascimento, mas na hora de registrar, minha avó escolheu o nome de Tarásio. Ela se espantou: “Tarado?”. Eu disse: “Não se assanhe, menina, Tarásio. Ele foi Patriarca de Constantinopla”. Ela riu achando que era verdade, mas era uma piada, embora Tarásio tenha existido.

Ela perguntou: “Mas você é da Gazeta do Povo, não é?”. Eu disse que era da Tribuna do Paraná. Milena disse: “Estou confusa. Não sei o que dizer. Então esquece”. E desligou. Mas eu não esqueci. Acho que coluna é o tipo de negócio que as pessoas só dão valor quando acontece alguma coisa. Portanto, cuidado! Prevenção é tudo. Agora estou falando de coluna vertebral, claro.