Torcida humana, com respeito e muita festa

Torcida única nos estádios, definitivamente, não é a melhor solução. O Athletico insiste em manter essa postura na Arena da Baixada, mas segue levando um revés atrás do outro. Além de não atingir o principal objetivo, que é a combater a violência, prejudica sensivelmente o clima festivo, grande combustível para a alegria que sempre marcou o futebol ao redor do mundo.

É simples de entender. Um torcedor de futebol extravasa, nas praças esportivas, toda a sua paixão. Há os que perseguem o time onde ele for. Gritam, choram, se revoltam. Xingam. Num estádio, o linguajar habitual não segue a compostura clássica. Já no caminho pra casa o cidadão se recompõe.

O desafio de cores é um grande estímulo pro conjunto da obra. Qual torcida grita mais alto? Em qual lado do estádio acontecerá a coreografia perfeita, o mosaico mais criativo? Ignorar isso é virar as costas pra boa parte da cultura futebolística mundial. A brasileira, especialmente.

Modelo

O Athletico é pródigo em ideias inovadoras. Está, inegavelmente, alguns passos à frete da concorrência local. Matérias e estudos recentes comprovam isso. Mas esta bandeira de “torcida humana” não merece prosperar.

Torcida humana é aquela que se respeita. Que comparece, faz festa. Contribui pesadamente pro sucesso do seu clube do coração. Que pode torcer com liberdade, entre os seus, com suas faixas e adereços.

Combater a violência não passa por eliminar tudo isso. O último Atletiba foi prova concreta. A “torcida humana”, com coxas (poucos) e atleticanos misturados, não evitou o quebra-quebra pela cidade após o jogo. Foram vários registros de ocorrências, com ônibus, estações e terminais danificados. Em inúmeros bairros.

Há, também, que se respeitar os regulamentos vigentes. O Tribunal de Justiça Desportiva já ressaltou parecer, unânime, que mantém liminar contrária à torcida única. A regra local estabelece que o clube visitante tem direito de adquirir a quantidade de ingressos correspondente a até 10% (dez por cento) da capacidade do estádio, desde que se manifeste até três dias úteis antes da realização da partida.

Que o bom senso prevaleça. O combate à violência é, sim, necessário. O caminho correto é a firme aplicação da lei, com identificação e punição daqueles que a infringem, dentro ou fora dos estádios. Que os clubes façam a sua parte. Autoridades idem.