Concordo com o sábio Confúcio, que disse que ?os jovens devem ser olhados com carinho e respeito?. Discordo em absoluto de Arthur Rimbaud, quando afirma que ?ninguém é sério aos 17 anos?. Ao longo da minha carreira de educador, iniciada em 1961, sempre tive a oportunidade de conhecer e conviver com muita gente séria nesta idade. Confiar na juventude significa, acima de tudo, estimulá-la e orientá-la a construir seus próprios caminhos e ideais. É como o pai que, ao presentear o filho com uma bicicleta, segue atento e ansioso ao seu lado, mas não pode pedalar ou se equilibrar em seu lugar.
Por isso, quando se estabelece entre educador e educando uma declarada ?relação de poder?, apoiada na autoridade de um sobre o outro, impede-se o desenvolvimento do sentimento de amor, do qual sempre falava São Marcelino Champagnat, fundador da Congregação dos Irmãos Maristas. É evidente que isso não significa fazer concessões medíocres e utilizar mecanismos populistas diante dos estudantes. Ao contrário, significa exercer a autoridade não pela força, mas pela competência, dedicação, caráter, exemplo e postura decidida diante da vida e dos valores duradouros.
Uma conseqüência da atitude de amor e de respeito pelos alunos é a confiança que se deposita neles. Tomando como base este ensinamento, entendo que o professor não deve ter outro procedimento senão a atitude de amor por seus alunos. Isso implica cultivar relacionamento cordial e respeitoso, clima de diálogo, postura de escuta atenta e de interesse por seus problemas e suas crises, a par da atitude de valorização de suas riquezas pessoais e de seus talentos. Implica, também, o desenvolvimento de um clima de família, sem o qual não se pode cultivar o verdadeiro amor, pois a escola não pode ser diferente do lar.
Vale ressaltar que o jovem deve ter algo de adulto, não menos importante, também o adulto deve ter em si algo de jovem. Quem segue esta regra pode até chegar a ser velho no corpo, mas nunca o será na mente, como bem observou Cícero.
Por isso, a função da universidade não é a de encher cabeças, mas a de formar cabeças. E formar também as mãos e o coração. As instituições de ensino superior têm a função de produzir pessoas de cultura. E pessoa culta é aquela que sabe o que conhece, sabe o que desconhece e sabe onde e como encontrar o que desconhece. A propósito, Arnold Toynbee nos lembra que o importante em educação é ensinar a gente a se educar a si mesma. Já conhece bastante quem aprendeu a aprender.
Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista do século passado, dizia que a pergunta fundamental que todos devemos nos fazer é: ?O que vou fazer daquilo que fizeram de mim??. Espero que todos os estudantes que cursam universidade possam dizer: ?Vou ser uma pessoa competente e de bem, um bom cristão altruísta, um líder positivo e ético. Vou ajudar a população do meu país a ser mais gente e mais feliz?. Tenho certeza de que, se assim for, seus pais e seus educadores se sentirão mais realizados. A universidade – a sua alma mater – sentir-se-á orgulhosa de seus pupilos.
Por isso, acredito plenamente na predição de Eleanor Roosevelt, gravada no bronze da placa de inauguração da sede dos diretórios estudantis do campus São José dos Pinhais da PUCPR: ?O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos?. A experiência comprova que vale a pena lutar por algo em que se acredita.
Clemente Ivo Juliatto é reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e integrante da Academia Paranaense de Letras.