Quando o jogo se joga fora do campo

Há que se respeitar a decisão da diretoria do Coritiba, de não alugar seu estádio ao Atlético. Mas é difícil compreender, sob qualquer prisma lógico. O episódio só demonstra o quão pequenos são nossos dirigentes. E o quanto estamos longe de nos tornar evoluídos aqui na terrinha, onde nem mesmo o esporte mais amado do povo consegue se esquivar da mesquinhez.

Antes que se diga, pouco importa ter sido o Coxa a dar a negativa. Poderia ter sido ao contrário. Fosse o Atlético o possível locador, fatalmente teríamos o mesmo resultado. Nossos cartolas parecem querer resolver fora do campo as diferenças nascidas dentro dele.

Pior! Muitos se deixam levar pela pressão de torcedores que querem, apenas e tão somente, criar fatos pra fustigar os rivais mais próximos. Fazer barulho nas redes sociais ou no campo vasto e anônimo da internet.

Na sexta-feira, segundos após a notícia oficial da negativa alviverde ter sido postada, nosso site teve uma inundação de comentários. A maioria no campo do sarro barato. O livre festejo pelo rival ter se “ferrado”. Simples assim, mas complicado. “Eu ganho quando você perde.” Que filosofia boba.

Torcedor

Esta lógica integra ideário da galera. Por mais que se pontue o contrário, não há como mudar. Faz parte de uma mística que faz o futebol ser o que é. O problema é quando isso contamina a forma de agir, as decisões de quem está lá não pra torcer, mas pra ser protagonista no desenvolvimento do esporte e seus atores.

Presidente de clube é torcedor e deve, sim, atuar em prol do seu clube do coração. O que não significa agir em desfavor de quem quer que seja, só pra agradar à torcida. Ou sócios. Aliás, jogar pra torcida é termo que se usa quando determinada pessoa age a fim de contabilizar pontos pra si. E só!

Se no futuro for o Atlético procurado pra ceder em aluguel sua arena, que aja diferente. Independentemente de quem seja o locatário. Rivalidade se resolve dentro do campo.