Passado o ponto de fervura, fica a dica: pode comer carne sossegado, amigo leitor. Os cuidados que você sempre tomou, como observação criteriosa do local de compra, cor e odor do produto, procedência, embalagem e validade são mais que suficientes pra garantir produto de qualidade na mesa. Isso porque o maior problema descoberto na recente operação da Polícia Federal não foi a podridão da carne, mas a necrose completa da nossa classe política. O sistema, parceiro.
Infelizmente, o que se viu nos últimos dias foi a disseminação do temor na população, contra o consumo de proteína animal. Claro que é uma questão importante. Há espíritos de porco por aí maquiando cortes passados com vitamina C pra esticar a validade? Sim. Pode-se generalizar? Claro que não. A maioria esmagadora dos produtores é séria.
O Brasil domina o setor. É o maior produtor e exportador do mundo. Alimenta o planeta com seus bois, porcos e frangos. E os picaretas que dominam os centros de poder enxergaram nisso uma grandessíssima oportunidade de negócio. E a corrupção se instalou. Este é o foco da operação da Polícia Federal.

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Loteamento

Há muito tempo o Ministério da Agricultura, e suas superintendências país afora, foram dominados por apadrinhados políticos. Sob o comando do PMDB, diga-se. Parar um grande frigorífico por uma denúncia de irregularidade, que pode ser anônima, causa mais de R$ 5 milhões de prejuízo diário, pra depois dizerem que não encontraram problema algum. Dois dias, R$ 10 milhões, três dias… Cobrar um ou dois milhões de propina pode ser um bom negócio, não é?
Nossa carne é boa, pode ficar tranquilo. Podres são nossos políticos, com raras exceções. Nosso padrão de qualidade é altíssimo. O que cheira mal são os interesses de quem é eleito pra defender o povo, mas prefere se desviar pra sustentar um sistema partidário que empurra nossa sociedade e nossa democracia pra uma metástase.
Agora criaram uma conta que vai levar uma década pra ser paga. Pois foi esse o tempo que o Brasil levou pra limpar a barra após a bronca da febre aftosa, em 2005. Afie sua faca, pois muito da solução está nas suas mãos. Anote os nomes, e corte-os nas urnas. Contra as fibras!

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