Nos últimos anos, observa-se redução drástica do papel dos estados como fontes geradoras de emprego. Mas as mudanças nas formas de emprego atingem outros patamares, destacando-se o alargamento da indústria de informações e de entretenimento como setores empregadores e de geração de renda. Igualmente, é perceptível a ampliação do papel social do terceiro setor, formado principalmente pelas organizações não governamentais, e crescimento do setor de serviços, favorecido pelas terceirizações.
Ainda, em relação às mudanças no contexto profissional, está havendo aumento da qualificação média da força de trabalho, acompanhada por novo processo de polarização das qualificações intra e extramercado de trabalho. Ao mesmo tempo, verifica-se crescimento da complexidade e do conteúdo intelectual em seus diversos níveis: gerencial, administrativo, técnico e operacional, e diversificação das formas e dos modos de trabalho: virtual, em equipes multifuncionais, empresa individual, e assim por diante.
As transformações na estrutura ocupacional criam novos cargos e funções e, ao mesmo tempo, eliminam outros. Definitivamente, será cada vez mais constante a perda de espaço dos contratos de trabalho vitalícios ou estáveis, e emergência de formas alternativas, como empregos temporários ou em tempo parcial. No Brasil, alguns condicionantes do futuro precisam ser repensados com urgência, sobretudo no que se refere à inovação tecnológica coexistindo com deficiências nos sistemas de educação, ciência e tecnologia, e envelhecimento da população e mudanças na estrutura etária.
De qualquer maneira, tudo indica que o Brasil se coloca como um dos países emergentes com chances de se inserir, de forma competitiva, em um contexto mundial de rápidas e profundas transformações. E, mesmo padecendo de restrições e estrangulamentos estruturais e conjunturais, possui massa crítica e potencialidades que viabilizam o seu desenvolvimento em bases sustentadas. Seguramente, as principais tendências do panorama mundial abrangem reorganização da economia intensificada pelos avanços científicos e tecnológicos e transição relativamente instável na direção de um novo paradigma de desenvolvimento universal.
Clemente Ivo Juliatto é reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e integrante da Academia Paranaense de Letras.