Proximamente, será lançada obra que reconstrói a gênese, a existência e a evolução cinqüentenária do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Como reconhecimento da comunidade universitária por seu trabalho e dedicação inexcedíveis, o livro imortaliza uma das personalidades exponenciais da medicina paranaense, Mário Braga de Abreu, formador de várias gerações de médicos do Estado e do País. Ele completaria 100 anos em 25 de abril de 2006, se vivo estivesse. Existencial, o conteúdo da publicação premia o leitor e, ao mesmo tempo, recompensa o esforço, a dedicação e a inteligência do autor, professor da PUCPR e talentoso escritor Valério Hoerner Júnior.
Mário Braga de Abreu será vulto imorredouro na memória dos paranaenses, também pelas cirurgias miraculosas de que se beneficiaram tantas e tantas pessoas e pela presença marcante no progresso das ciências médicas. É do arcebispo emérito de Curitiba, dom Pedro Fedalto, a afirmação: ?Como fundador da Faculdade de Ciências Biomédicas e da própria universidade, falar do professor Mário de Abreu equivale a ressaltar a figura perfeita do Mestre da Medicina?.
O livro reúne depoimentos inéditos e experiências de pessoas que ministraram com amor o magistério e exerceram com sabedoria a gestão institucional, ou que possuem laços profundos com esta universidade. Os estudos hão de frutificar, para iluminar as mentes das novas gerações. As lições proporcionam conhecimentos e concentram testemunhos que exaltam o amor à vida, à ciência e à prática cristã.
Sabedoria, senso prático, liderança, fidelidade e desprendimento eram alguns atributos do nosso homenageado. É oportuno lembrar as palavras do saudoso reitor Osvaldo Arns: ?Ao professor doutor Mário Braga de Abreu, fundador e alma inarrefecível de sua escola de Ciências Médicas da Universidade Católica e da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba, o silêncio quedo e deslumbrado a curvar-se diante do gigante humanitário e fulcro exponencial da medicina, médico-símbolo da intangibilidade ética!?.
É possível medir a grandeza de sua alma e a sua liderança, a própria espiritualidade visível, a consciência revolucionária sobre a saúde, pelo quanto, amorosamente, fez de caridade e soube propagar os ensinamentos de Cristo. Repousar na profundidade científica, na verdade dialogada entre ciência e fé e no amor ao próximo são referenciais do seu cotidiano.
Foi uma pessoa que soube ensinar e que continuará ensinando a viver com dignidade. Conheceu a responsabilidade e o sacrifício da profissão, sem fazer qualquer esforço para se autopromover. De fato, amamos Mário Braga de Abreu neste banquete da misericórdia, dentro dos reencontros e acontecimentos a sós e certos que sempre estamos próximos.
Silenciosamente, no decorrer da leitura da obra é possível adentrar na profundidade de seus atos, entender a sensibilidade intensa para o amor e ser envolvido pela personalidade do professor e médico-sacerdote Mário Braga de Abreu. ?Estava doente e tu me assististe. Venha hoje, 8 de julho de 1981, fazer parte do reino que preparei para os justos e àqueles que exerceram a missão com espírito de caridade, como tu, Mário Braga de Abreu.? Pronto, eis-me aqui: ?Senhor, entrego-me a ti, para que me leves aonde quiseres. Não imponho condições, nem pretendo ver onde me levarás. O homem não é senhor e nem dono da ciência, das honras e de coisa alguma, mas somente usufrutuário do seu corpo e da sua breve existência?. (Bernhard Haring.)
Clemente Ivo Juliatto é reitor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e integrante da Academia Paranaense de Letras.