Lava Jato não tem cor nem partido

Dois ex-presidentes presos não é fato a se desprezar. O encarceramento de Michel Temer renova, de maneira consistente e independente de viés ideológico ou partidário, que o Brasil não aceita mais malandragem na política. O “mimimi“ de perseguição a Lula e ao PT cai por terra. E mais gente de colarinho branco coloca as barbas de molho.

Em relação a Temer, o que mais choca é a informação de que o esquema por ele comandado, segundo as informações do Ministério Público Federal, causa danos ao erário há 40 anos. Quase R$ 2 bilhões em propinas nesse período.

Junto com o peemedebista caíram mais nove pessoas. Entre elas Moreira Franco, ex-ministro e ex-governador do Rio de Janeiro. Mais um a enfileirar a galeria de chefes do executivo fluminense atrás das grades.

A Operação Lava Jato está nas ruas tem cinco anos. Muito peixe graúdo já foi pescado. Surpreende a coragem que essa turma tem de continuar delinquindo, mesmo com tudo isso acontecendo. A última movimentação identificada nesse esquema Temer, por exemplo, aconteceu em outubro passado. R$ 20 milhões. Que tudo se comprove na justiça, no devido processo legal.

Legislativo

Sem dúvida que essas coisas acabam interferindo no bom andamento do país. O medo se sair de becos criminosos e virar suspeito protagonista provoca desvio de conduta nas pessoas.  Não imaginam que o anzol da lei os atingirá.

No Congresso a expectativa é que o andamento da pauta fique travado nos próximos dias. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, é genro de Moreira Franco e já tem holofotes apontados para si. Não por coincidência, andava nervoso mesmo antes da prisão do sogro. Enfrentou até o ministro Sérgio Moro com declarações aos meios de comunicação, num duelo que, pelo menos publicamente, não tem a menor chance de ganhar.

Mas ele tem a caneta. Sentindo-se provocado pelo governo, e com um parente atrás das grades, já deu sinais de que vai cobrar caro o andamento de projetos importantes, como a reforma da Previdência e o plano anticrime proposto por Moro.

Independente disso, promotores, procuradores e agentes federais, além do judiciário comprometido com o combate irrestrito à corrupção, devem continuar fazendo a sua parte. O país segue internado num grande lava jato. Há, ainda, muita sujeira encrustada.