Bem-vindo aos Estados Unidos. #sqn

A menina hondurenha chorou. E fez o mundo chorar. Ela, de medo. Os cidadãos ao redor do planeta, de tristeza. Mãe e filha, naquele momento em que foram abordadas pela polícia de fronteira dos Estados Unidos, estavam exaustas não apenas pela viagem de 2,5 mil quilômetros. Assim como outras milhares de pessoas em igual situação, estavam cansadas da vida.

Algumas das regras mais básicas, que norteiam a existência da nossa espécie, foram rasgadas nessa história que rodou o planeta. A primeira delas: um erro não justifica o outro. Ninguém discute que qualquer país tem o direito de estabelecer regras de controle de acesso ao seu território. E de fiscalizar quem passa pelas suas fronteiras.

Parece óbvio, por várias razões, que os Estados Unidos da América têm motivos de sobra pra ter preocupações adicionais. São desejo de consumo pra muita gente, vistos como salvação pra quem pensa em prosperar. O famoso “sonho americano”, que pra alguns significa subir na vida, pra outros pode ser o mesmo que acordar de um dolorido pesadelo.

É o caso da maioria dos imigrantes ilegais que por lá aportam, agora com um cruel adicional. A aplicação literal da lei está separando crianças de seus pais. Quem pinta por lá sem autorização é encaminhado para centros de detenção. É a lei. Como há outra regra que impede crianças de permanecerem nesses ambientes, o que decidiu a interpretação baseada na “tolerância zero”? Pais são detidos e filhos encaminhados a abrigos. Por quanto tempo? Até que se defina o destino do adulto, possivelmente a deportação. Há brasileiros nessa situação.

Meia-boca

A pressão internacional fez Donald Trump afrouxar a rédea. Já assinou ordem executiva impedindo essa separação. Talvez, também, compelido pela primeira-dama, Melania Trump, que afirmou que os Estados Unidos deveriam ser um país que “segue as leis”, mas que “governa com o coração”.

A dignidade humana, artigo máximo da lei da existência, não pode ser vilipendiada desta maneira. Sob qualquer justificativa. A capa da Revista Time faz qualquer cidadão de bem chorar por dentro.