Aposentem esta ideia, por favor

São R$ 330 mil por mês. R$ 4,3 milhões por ano. Num orçamento apertado e dependente de reformas estruturais. Estamos falando das aposentadorias pagas a ex-governadores do Paraná. Atualmente oito deles recebem, além de três viúvas. Benefício que felizmente está ganhando um pouco final, pelo menos para novos ocupantes do cargo.

Num país que carece de uma reinvenção no seu sistema previdenciário pra não falir, pensar que um político pode ganhar de presente uma renda de R$ 30 mil pro resto da vida, por ter ocupado um cargo por sete ou oito meses, beira à insanidade.

Nada legalmente contra os que já recebem. Se estão nesta condição é porque a legislação permitia. Não vamos entrar aqui na seara moral, pelo menos por enquanto. Felizes devemos ficar que isso está acabando.

A Assembleia Legislativa deu o primeiro passo pra tirar da Constituição do Paraná o trecho que concede este presentinho. O texto da Proposta de Emenda Constitucional já passou em primeira votação. Poderiam ter cortado também de quem já recebe, mas esta parte da ideia foi recusada. Geraria, obviamente, enormes pendengas jurídicas.

Na trave

Quem estava na fila pleiteando a verba vitalícia era a ex-governadora Cida Borghetti. Vice de Beto Richa, assumiu a caneta principal em abril do ano passado. Agora em janeiro, após deixar o poder, protocolou seu pedido. Com o andamento desta alteração legal, o atual governador, Ratinho Júnior, já disse que não vai conceder. “Sobre a aposentadoria da ex-governadora e de qualquer outro, vai ter de recorrer à Justiça, porque eu não vou dar. Eu sou contra”, disse ele, em alto e bom som.

Cida é casada com o deputado federal Ricardo Barros. São de família tradicional, de posses, da região de Maringá. Dinheiro não é problema pra eles. É justo ela receber mais R$ 30 mil por mês, pelo resto da vida? Atualmente ela está com 54 anos. Seguramente tem condições de viver bem por mais 35, 40 anos. Estamos falando de mais de R$ 15 milhões, sem contar com as atualizações monetárias.

Paramos por aqui, pois o objetivo agora não é tratar do aspecto moral. E, ainda bem, o campo legal está sendo resolvido. Mas ainda há muito a remediar pra vivermos num país sério.