Welber Barral
As exportações brasileiras, apesar de todas as dificuldades, vêm atingindo sucessivos recordes históricos. Para se ter uma idéia, há uma década a balança comercial brasileira fechou deficitária em US$ 6,747 bilhões, resultado de exportações que totalizaram US$ 52,994 bilhões e importações que somaram US$ 59,741 bilhões. Para este ano, o cenário é totalmente diferente. De janeiro à terceira semana de outubro, as vendas brasileiras no mercado internacional somam US$ 126,371 bilhões e as importações US$ 93,412 bilhões, resultando em um saldo positivo de US$ 32,959 bilhões.
Esse crescimento de quase 140% nas exportações brasileiras é fruto de muito trabalho e foco no comércio internacional. Se, em 1997, os produtos brasileiros eram vendidos para os destinos considerados tradicionais, hoje eles ocupam prateleiras e gôndolas de países como Burkina Faso, Congo,
Mauritânia, Jordânia, Cazaquistão, Togo, além de muitos outros. Há dez anos, por exemplo, a exportação anual brasileira para Angola somou pouco mais de US$ 81 milhões. Nos primeiros nove meses deste ano, esse número saltou para US$ 793 milhões, ou seja, um crescimento de quase 900%.
Concomitantemente, o aumento da qualidade dos produtos brasileiros, que passaram a ter maior fatia do mercado internacional, bem como o aumento da gama de produtos exportados foram fundamentais para a elevação das vendas brasileiras para o mercado internacional. Entretanto, os entraves na cadeia logística que compõe o processo exportador, a burocracia ainda existente e o aumento da competitividade no mercado mundial são algumas das dificuldades encontradas. O governo brasileiro reconhece essas dificuldades e vem trabalhando intensamente para superá-las.
Ao mesmo tempo, um tema que precisa ser amplamente difundido é o da cultura exportadora. Os empresários brasileiros devem vislumbrar as oportunidades que o comércio internacional pode trazer para a sua empresa, como, por exemplo, o aumento de produção, de faturamento e da qualificação da mão-de-obra. A implementação de novas tecnologias também deve ser observada pelas empresas que passam a operar no mercado internacional. O investimento em pesquisa e desenvolvimento é essencial e urgente para que os produtos brasileiros continuem ganhando em qualidade e competitividade.
Para atender à difusão da cultura exportadora, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), tem como ação pontual, desde 1997, a realização dos Encontros de Comércio Exterior (Encomex). O objetivo fundamental dos Encomex é a disseminação da cultura exportadora por todas as regiões brasileiras, além de permitir um contato perene com o setor privado. Esses eventos já reuniram mais de 70 mil participantes e, nesses dez anos, tem se consolidado como eficiente ferramenta de divulgação de informações sobre comércio exterior para empresários de todos os portes. Curitiba recebe hoje, 25 de outubro, o 122.º Encomex. Temos expectativa de presença maciça de exportadores paranaenses, e de que eles possam aproveitar as informações e experiências que a Secex adquiriu nessa trajetória.
Welber Barral é secretário de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).