Radiação no Japão e o medo do câncer

Os incidentes na central nuclear japonesa Fukushima estão trazendo uma série de questionamentos sobre o impacto da radiação na saúde das pessoas. É conhecido que todos os seres humanos são constantemente expostos à radiação ionizante e não ionizante. As fontes podem ser tanto o ambiente natural quanto os produtos fabricados pelo homem.

Um dos maiores temores diz respeito ao surgimento de câncer na população exposta. Mas, afinal, qual é o perigo real?

Uma dose elevada é, sim, capaz de provocar o surgimento de um câncer fatal nas pessoas expostas. Mas pode demorar muitos anos até que a doença se manifeste. De imediato, quem sofreu uma superexposição à radioatividade pode sofrer da doença aguda da radiação manifestada por náuseas, vômitos, fadiga, diarréia, além de vermelhidão na pele e redução da imunidade. A consequência em longo prazo acontece porque a radiação interfere no equilíbrio de funcionamento dos diferentes tecidos do corpo.

Quanto maior a dose e a duração da exposição à radiação pelo ser humano, maior a chance de desenvolver câncer e complicações agudas relacionadas à radiação. Há evidências de que qualquer exposição pode causar danos à saúde. Isso é, não existe nível de exposição seguro ou sem risco.

A maioria dos tipos de câncer só aparece muitos anos depois da dose de radiação ser recebida, invariavelmente de dez a 40 anos depois do incidente. Os principais são os tumores de estômago, pulmão, intestino, leucemias, bexiga, esôfago, mama, tireóide e pele. Esses não são dados absolutos, mas, sim, exposições prévias com base nas pesquisas pós-bombas do Japão, Chernobil e acidentes no Estados Unidos.

Quando uma pessoa é contaminada, a primeira providência é evitar que mais radiação entre no corpo, eliminando roupas e calçados e lavando a pele com água e sabonete. Como o sistema imunológico fica comprometido, uma parte do tratamento é o controle de infecções caso essas ocorram e, se necessário, usam-se drogas que estimulem a produção de glóbulos brancos, em uma tentativa de compensar os danos à medula óssea.

O iodeto de potássio pode ser empregado para prevenir danos à glândula tireoide. Quando tomado em doses elevadas, ele satura essa glândula com iodo. Isso evita que ela absorva o iodo-131, isótopo radiativo que provoca câncer. Por isso, o governo japonês tem estocado pastilhas de iodeto de potássio, que são distribuídas à população em caso de necessidade.

Vale lembrar que existem dois tipos de radiação. A primeira é anão ionizante, que tem baixa frequência, como luz e microondas, que pode causar queimaduras e possíveis danos ao sistema reprodutor. A segunda é a ionizante. São as mais perigosas e de alta freqüência, como raios-X e raios Gama emitidos por materiais radiativos.

Ela também pode provocar defeitos genéticos nos filhos de homens ou mulheres expostos. Os danos ao patrimônio genético (DNA) podem passar às futuras gerações. É o que chamamos de mutação. Crianças de mães expostas à radiação durante a gravidez podem apresentar retardamento mental.