Por uma vida melhor

Carlos W. Dorlass, professor e consultor educacional.

Vida Boa – Victor e Léo

Umas vaquinha leiteira. Um burro bão

Uma baixada ribeira. Um violão

E umas galinha ai,ai

Tenho no quintal, uns pé de fruta e de flor

E no meu peito, por amor, plantei alguém…

 

O livro Por uma vida melhor, de Heloisa Ramos, distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) a quase 485 mil alunos em 4.236 escolas, distingue a norma culta e o uso popular da língua portuguesa como instrumentos para o ensino e apropriação, pelos alunos, das formas sancionadas socialmente. Em resumo, o livro contém frases com erros de concordância.

Identifico duas razões para sua publicação. A primeira é que as atuais publicações não estão funcionando de verdade. Podemos imaginar, por exemplo, que estamos educando jovens que são letrados, profundos conhecedores das artes, tolerantes com os outros, com habilidades de soluções de problemas, mas se há evidências de que não estamos tendo sucesso, deveríamos pelo menos refletir se não devemos alterar nossas estratégias ou nossos objetivos.

A segunda razão é que vivemos em uma época de significativas mudanças. Como consequência, determinados objetivos e estratégias podem não ser mais indicados ou podem ser considerados contraproducentes.

A educação é uma questão de objetivos e de valores humanos. Não se pode nem começar a desenvolver um sistema educacional sem ter em mente o conhecimento e as habilidades que se valorizam, e o tipo de pessoa que se espera obter no final do processo.

O desafio maior está em mudar nossa visão de como o ser humano aprende, sua maneira de pensar, sentir e agir. Ninguém sabe como elaborar uma educação que gere indivíduos disciplinados, criativos respeitosos e éticos. Aliás, sem respeito, certamente, destruiremos uns aos outros; sem ética retornaremos a um mundo de barbárie, onde o bem comum não é encontrado em lugar algum.

A qualidade da educação na escola não trata somente de passar informações aos alunos, mas depende, sobretudo, da qualidade do trabalho profissional dos professores. Assim, o grande desafio é utilizar temas polêmicos de forma educativa e como parte do processo educativo, instigando o aluno à reflexão sobre os problemas da sociedade e sua resolução.

Os professores e educadores têm a tarefa de orientar as escolhas, de ajudar crianças e adolescentes a processar as informações e de serem referências humanas exigentes e compreensivas para tornar o aprendizado uma conquista prazerosa e desafiadora.

E para encerrar cito Rui Barbosa: “Os bons livros têm as suas coordenações orgânicas, que cumpre examinar, não lhes julgando as idéias pelo primeiro lance, que nos lisonjeia os sentimentos, quando manuseamos uma obra sob influência de predisposições criadas em presença de um caso particular.”