Fertilidade na idade da loba

Enquanto se vive, sempre há tempo para tudo. Esse ditado popular pode valer para muitas situações, mas definitivamente não se aplica quando o assunto é maternidade. Neste quesito, o tempo é implacável. Mesmo com os avanços ocorridos na medicina, especificamente na área de reprodução humana, ainda existem limitações para as mulheres que querem engravidar na fase madura, também chamada de idade da loba.

Não adianta. Não tem acordo. Apesar das várias conquistas no campo profissional e de vitórias importantes no campo pessoal, a biologia não nos acompanhou no mesmo compasso. A realidade tem confirmado que o tempo é mesmo um fator limitador. Se para uma mulher jovem a chance de engravidar por ciclo é de 30%, para as balzaquianas esse percentual cai para 20%. Após os 40 anos, apenas 5% terão filhos naturalmente.

É injusto, não há dúvida. O universo de possibilidades se expandiu e, com isso, nada mais natural do que querer tornar-se múltipla. E nesse afã de tentar abraçar o mundo com as mãos, o tempo passa muito mais rápido do que conseguimos perceber e quando finalmente o despertador do relógio biológico toca, vemos que estamos próximas aos 40 minutos do segundo tempo, quando as possibilidades de marcar o tão sonhado gol diminuem drasticamente e podem até inexistir sem a ajuda de um técnico experiente.

A boa notícia é que as mulheres que querem ser mães já contam com vários e excelentes “treinadores”, ou seja, médicos experts em reprodução assistida e que utilizam as mais variadas técnicas de reprodução, que se aperfeiçoam a cada dia. Em muitos casos, as chances de sucesso são grandes. Mas mesmo assim, requerem boa dose de paciência, determinação e repetição exaustiva das tentativas.

Se isso já é complicado para as mulheres jovens, que também apresentam essa dificuldade, mas que têm o tempo a seu favor, imagine para as que já passaram dos 40, em que cada dia faz, de fato, diferença.

É importante saber que hoje existem ferramentas mais práticas e fáceis de usar que podem auxiliar as mulheres a monitorar seus períodos de fertilidade. Um dos exemplos é um autoteste que pode ser comprado em farmácia e que tem como trunfo o de ser um importante aliado, não só da mulher que está tentando engravidar, mas também do médico que a está auxiliando nesse processo. Com ele, a mulher pode saber quando está em seu período fértil, com margem de acerto superior a 99%, porque consegue detectar qualitativamente o aumento do hormônio luteinizante (LH) que ocorre por um breve período, no meio do ciclo menstrual. Esse aumento, chamado de pico do LH e que pode ser identificado na urina, é o causador da ovulação. Saber quando isso acontece, com alta margem de acerto, pode reduzir em muito o tempo gasto em tentativas de engravidar. O autoteste é apenas uma ferramenta coadjuvante no complexo processo de reprodução. Lobas ou gatinhas, conservadoras ou modernas, profissionais ou donas de casas, ousadas ou tímidas, não importa em qual grupo se encaixem, todas igualmente merecem concretizar esse belo projeto. Que a natureza e a ciência as abençoe nessa caminhada.