Crianças e o comportamento violento

O tema é complexo e desafiante para pais e educadores. Infelizmente não é um episódio raro, ver-se diariamente nos jornais internacionais e nacionais, notícias alarmantes sobre atos de constrangimento causados por jovens que ainda deveriam estar brincando. O vandalismo público, a violência familiar, escolar, a agressão gratuita e a auto-agressão estão documentados em artigos, fotos, filmes.

Como profissional ligada à educação e à saúde, tenho constatado pessoalmente que, ao longo desses últimos anos, o fato aumentou quantitativamente e que cada vez crianças de menor idade estão envolvidas nos acontecimentos e nem sempre como vítimas.

Difícil é explicar aos pais, porque até uma criança pequena pode ser autora de comportamentos impulsivos, explosivos, absolutamente fora do controle dos adultos, como ataques de birra, de verdadeira ira, depredação de bens, uso de vocabulário desrespeitoso, insolência, deboche, crueldade e destruição de propriedade alheia, entre outros.

Infelizmente, enquanto as crianças são pequenas, por uma questão de proximidade amorosa ou até por negligência, a família vai deixando passar as melhores ocasiões de educar, repreender, orientar. Muitos pensam: “puxou fulano”; “eu era assim” Tirando as patologias psiquiátricas que justificam alguns desses comportamentos, o que falta é energia a esses pais, esclarecimento sobre o desenrolar futuro do modo de agir de seu pequeno tirano.

Limites e controle, não se ganham de um momento para o outro: é preciso aprender, vivenciar respeito dentro da própria família. Infelizmente, vítimas de agressões físicas, abusos de toda ordem, mau trato emocional, rejeição, muitas crianças e jovens nem imaginam o que seja respeito ao próximo.

Presenciam seus avós serem menosprezados, humilhados e explorados em todos os sentidos, passam por experiências diárias de brigas e discussões em seus lares, assistem à valorização excessiva dos bens materiais e o rechaço aos valores morais e espirituais, a insaciável ganância, a idolatria à aparência, a falta de respeito à hierarquia, à autoridade.

É claro que o estresse socioeconômico na família, a miséria, a fome, a privação de afeto, o abandono da escola, o pouco cuidado dos pais, tornam os indivíduos mais susceptíveis à agressividade. Mas ela não é exclusiva desses ambientes, como qualquer manchete jornalística, nas páginas policiais  pode nos mostrar.

Observar bem a criança e o jovem, procurar estar mais perto, acompanhá-lo, escutá-lo, são as primeiras providências a tomar. Mas ao mesmo tempo é indispensável procurar orientação profissional,  para que uma avaliação seja feita e um tratamento possa ser iniciado, para realmente ajudar essa criança a conter sua agressividade, arcar com responsabilidades e manifestar suas frustrações de maneira adequada, assim como a família deve ser orientada a melhor conduzir suas questões internas e seu modo de relação com o mundo.