“A Vida Invisível” traz o pior do Brasil no melhor filme do ano

Cena do filme "A Vida Invisível". Foto: Bruno Machado/Sony Pictures

Você já perguntou para sua avó, tia ou mãe como era a vida dela na juventude? E como elas veem a geração de agora? Nos últimos 50 anos aconteceram muitas mudanças, nas questões tecnológica, científica e até mesmo social, não é mesmo?

A Vida Invisível, filme que chega aos cinemas hoje e que concorre a uma vaga no Oscar 2020, retrata como era a sociedade dos anos 40 e as dificuldades enfrentadas pelas mulheres numa época dominada pelo patriarcalismo, com escasso discurso de empoderamento e sororidade velada. Assista ao trailer:

O melodrama tropical, como classificou o diretor do longa Karim Aïnouz, é baseado na obra literária de Martha Batalha.

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Profunda, reflexiva e emocionante, a obra de Aïnouz embarca numa história particular. Os problemas enfrentados pelas irmãs Eurídice e Guida são tratados como consciência coletiva, ou seja, como o conjunto de características e conhecimentos comuns da sociedade, como trata o sociólogo Émile Durkheim. E realmente, em A Vida Invisível é possível observar esta crise social.

Cena do filme “A Vida Invisível”. Foto: Divulgação

Os sonhos das irmãs e a busca por realização são tratados de forma sutil, mas o questionamento e as decisões levantadas por elas ao decorrer do longa podem causar estranhamento em grande parte do público.

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Outro destaque é o dinamismo entre a comédia e o drama que se encontra o filme. As atrizes que interpretam as irmãs Eurídice e Guida, Carol Duarte e Julia Stockler respectivamente, projetam uma ótima química na trama. Aliás, não só as atuações delas, mas de Gregorio Duviver, Antonio Fonseca e, claro, a participação da ilustre Fernanda Montenegro são dignas de aplausos.

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O filme é sim um ato político. Mas trata os problemas sociais delicadamente. Aïnouz traz a temática feminista, mesmo não tendo o poder de fala, porém, consegue lidar com a situação por não só querer ouvir o público feminino, mas também tentar revelar através de sua visão masculina como é tóxico o patriarcalismo e como a batalha por direitos femininos foi árdua. Para o diretor, estas merecidas conquistas devem ser respeitadas pelos homens.

Se vai ou não conseguir concorrer ao Oscar, eu não sei. Mas que A Vida Invisível é um filme que fará história no cinema brasileiro isso eu tenho certeza.

Avaliação: ⭐⭐⭐⭐1/2
Pra quem gosta: drama, filme brasileiro
Pra assistir: amigos, crush e sozinho
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