Só quem já tem filhos vai entender esse texto de hoje. Por aqui são dois: o Bernardo de dois anos e três meses e a Laura de onze meses – informação importante pra entender o que vou contar.
Quando a gente tem filho, às vezes parece que algumas coisas escorrem pelos nossos dedos. Uma delas é a capacidade de estar presente nas conversas quando os filhos estão por perto. Eu acho isso de uma deselegância enorme!
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Contudo, hoje eu também entendo que isso é algo fora do nosso controle. A atenção da mãe parece que sempre vai ser dividida com a criança – sinto muito pelos amigos que tentam conversar comigo, quando o Bê e a Laura estão por perto.
Dito isso, eu tive uma experiência muito interessante há alguns dias: consegui conversar com a minha melhor amiga, em uma cafeteira, com as duas crianças por perto. Aplausos! Quando eu percebi que eu estava conseguindo acompanhar toda a história que ela estava me contando – da viagem que ela fez com a mãe e o filho -, eu senti que tinha vencido a maternidade naquele momento!
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Nesse dia, eu estava em uma cafeteria nova, que me surpreendeu muito positivamente. Eu tinha olhado o instagram da Casa di Angel (@casadiangel), que estava participando do Festival Pão com Bolinho promovido pela Curitiba Honesta @curitibahonesta e com o apoio da Tribuna, e fiquei com vontade de conhecer.
Chegando lá eu tive um sentimento chamado serendipity, que é o que sentimos quando nos surpreendemos positivamente, de maneira encantadora, com alguma coisa. Foi exatamente como eu me senti quando cheguei lá. É o meu tipo de lugar no mundo.
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Nos últimos dois anos e meio eu tenho procurado muito por lugares legais para levar crianças e já aconteceu de eu ir a algum deles teoricamente voltados para famílias com crianças, e o local não estar verdadeiramente pronto para isso. Alguns lugares, inclusive, não têm um local confortável pra trocar o bebê, quase não tem cadeirinhas e alguns irritantemente tem cadeirinhas que não tem como prender a criança ou não encaixam embaixo da mesa.
Esses dias fui a uma loja de roupas para criança e tinha uma menininha que estava chorando e quando a criança foi embora a vendedora falou pra mim “Nossa, não aguento essas crianças”. Querida, talvez você devesse ir trabalhar em um lugar onde as roupas não seja de RN a 12 anos então.
É muito bonito ter um lugar e se posicionar como Kids Friendly, fazer um vídeo fofo no Instagram convidando famílias. Mas estar preparado pra receber uma família, meu amigo, aí são outros quinhentos.
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Quando cheguei na Casa di Angel com as duas crianças, o Daniel que nos atendeu já ajudou a escolher uma mesa mais perto do espaço kids, com uma cadeirinha em cada braço (uma pro Bê e uma de balanço pra Laura).
Quando eu vi, tinha certeza que a nossa pequena bebê desafiadora dos limites do mundo não ficaria lá nem por um minuto. Pra nossa surpresa, em instantes ela aprendeu a se balançar e por lá ficou o que pareceu uma vida toda. O Bê sentou na cadeirinha dele por um tempinho só, enquanto a fome era maior que a curiosidade de conhecer os brinquedos. Meio pão com bolinho depois, ele foi explorar os brinquedos e virou super amigo do Daniel.
Eu me senti no paraíso da mãe cansada. A Laura alucinada se balançando na cadeirinha e o Bê com seu novo melhor amigo, brincando de pescar peixinhos de madeira. Eu nem acreditei quando eu percebi que as crianças estavam se divertindo e eu estava conseguindo dar atenção pra minha melhor amiga enquanto eu comia com calma!
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Estamos muito pouco preparados para acolher a maternidade e as crianças. O mercado de trabalho é uma grande prova disso. Os espaços públicos, as lojas mesmo para crianças, os shoppings, até os parques também. Tem dias que parece que a maternidade atropela a gente, mas também temos dias (como esse) que a maternidade senta pra tomar um café e ainda paga a conta.
Fica aqui o meu muito obrigada ao Curitiba Honesta, ao Casa di Angel e ao Daniel que foi o protagonista da história.
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