A maior parte das pessoas sabe que a vida muda muito quando a gente tem um filho pra criar. Voltar pra casa às 6h da manhã ou amanhecer na praia, gastar todo o nosso dinheiro como a gente quer ou até mesmo manter aquela peça decorativa de cristal na parte baixa da estante… tudo isso deixa de fazer parte da realidade, pelo menos por alguns anos.
Mas o que a gente não sabe é que as mudanças vão muito além disso. Eu diria até que essa é a parte mais fácil na vida dos pais.
Esses dias ouvi uma música do Djavan que diz assim: “sabe lá o que é não ter e ter que ter pra dar”. Isso ficou martelando na minha cabeça por dias. Fiquei lembrando de tantas vezes em que eu não tinha, mas precisei ter e não falo só de dinheiro. Falo de paciência. Falo de força. Falo de coragem.
A vida depois dos “dois risquinhos”; registros de uma família feliz
Sabe quando parece que o mundo está atropelando a gente e temos certeza de que não vamos dar conta? É nessa hora que o filho ancora a gente na realidade. Não importa quantas vezes o mundo passe por cima, a gente tira paciência, força e coragem de onde não existe para seguir firme em cada passo.
Às vezes a vida começa a bater na gente cedo demais. E, mesmo assim, quando as crianças chegam da escola, é como se algo dentro da gente se recompusesse. Aquelas mãozinhas pequenas, aquele sorriso banguela… têm um poder absurdo de nos fazer sentir inteiros e capazes outra vez.
+ Leia mais: Criando memórias de verdade em família
Por mais que eu me esforce para ser paciente, minha natureza, como diria a minha mãe, é mais irritadiça. Mas eu tento. E como eu tento ser razoável. Só que basta olhar para os meus filhos, tentando comer sozinhos e fazendo a maior bagunça em cima do tapete, para uma paciência que eu jamais teria com qualquer outra coisa aparecer.
Ver meu filho aprendendo algo tem um peso tão grande na cabeça dos pais, que catar grãos de arroz e feijão pelo chão, mesmo depois de um dia exaustivo, acaba se tornando um dos pequenos prazeres da vida.
Ser pai não é ter superpoder: é ter superpresença todos os dias!
A sociedade insiste em achar que, depois que uma mulher vira mãe, ela não pode ser uma boa profissional, porque tem “outras prioridades”. E convenhamos: temos mesmo. Mas eu nunca me senti tão forte, tão corajosa e tão competente quanto agora. Nunca “dei conta” de tanta coisa como dou hoje. Se me contassem que eu faria tudo o que faço atualmente, eu duvidaria.
Quando a gente tem trabalho, casa, casamento e duas crianças para cuidar, a gente não tem tempo… mas precisa ter. E ter pra dar.
Talvez ter um filho seja um milagre tão grande que nos ensina a aproveitar cada momento, vendo nossos pequenos milagres crescerem e descobrindo o mundo pela primeira vez.
Depois que virei mãe, nunca mais fui a mesma – ainda bem
Eu sempre digo que tenho um conselho sobre maternidade para quem não quer ter filhos: não tenha. Ter um filho é tão difícil que, se você não quiser de verdade ser mãe ou pai, tudo vai parecer horrível, porque é realmente muito desafiador.
Mas para quem quer ter um filho, eu também tenho um conselho: tenha. Nada no mundo é tão incrível e recompensador quanto isso. Você vai viver um milagre. Vai ser difícil, muito difícil. Mas vai ser tão maravilhoso que a parte difícil vai parecer quase irrelevante.
