Depois que virei mãe, nunca mais fui a mesma – ainda bem

Foto: Evelen Torrens

Hoje eu quero falar sobre um assunto que é um tanto quanto sensível pra mim desde que virei mãe. Eu sempre falei que queria viver todas aquelas aventuras que, diziam, não seriam mais possíveis depois da maternidade, tipo ir pra um bar às 18h e emendar com o nascer do sol na praia.

E eu vivi tudo isso. Viajei com os amigos, virei dose de tequila na balada, dividi apartamento com amigas, e fiz tantas outras coisas que nem cabem aqui.

Eu sempre quis ser mãe. E por muito tempo me apeguei a essa ideia para justificar as aventuras adolescentes que eu queria viver. Até que com vinte e tantos anos eu casei e logo que fiz trinta anos, o Bê nasceu.

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Eu tinha medo desse momento chegar e eu não estar pronta. Medo de que, numa sexta-feira à noite, eu estivesse em casa cuidando do meu filho, mas com vontade de estar em outro lugar. Medo de sentir falta de mim mesma. Medo de que a maternidade pesasse mais do que deveria, como já vi acontecer com tantas outras mulheres incríveis e excelentes mães, inclusive.

Esses dias, uma prima postou um texto e alguns trechos me atravessaram. Ela começou dizendo:

“Sempre tive muito certo na minha cabeça que, se um dia decidisse me tornar mãe, jamais me perderia de mim mesma.”

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Parei aí. Parei e lembrei de um dia em que me olhei no espelho e chorei. Tudo o que vi foi uma mãe cansada. Peito vazando. Um sono sem fim. Um cansaço que parecia eterno, bem maior que eu. A maternidade parecia que tinha me vencido. Essa era eu no puerpério do Bê. Um ano e quatro meses depois, era eu de novo. No puerpério da Laura.

Será que eu não tinha aprendido nada entre um pós-parto e outro?

Continuei lendo o texto da minha prima e me prendi nesse trecho:

“Muitas mães me falam sobre o se perder, não se encontrar e esquecer de quem eram. Acredito que, para não se perder, primeiro é preciso ter se encontrado antes de ser mãe. Ter clareza de quem se é, para que, quando acontecer (porque sim, vai acontecer), você saiba para onde voltar.”

Foi aí que eu percebi: ela já tinha entendido tudo.

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Antes do Bê nascer, eu achava que seria tudo mais simples. Já tinha cuidado de bebês pititicos, tinha ao meu lado um marido que eu sabia que seria um pai incrível. Tinha lido todos os livros. Eu seguia as pessoas certas nas redes sociais. O que poderia dar errado?

Eu só não me preparei para o fato de que tudo poderia dar certo mas de um jeito bem diferente. Me peguei tantas vezes me sentindo um fracasso — o fracasso em forma de um tetê vazando.

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Se eu soubesse que aqueles dias exaustivos passariam tão rápido… Se eu soubesse que logo não teria mais um bebê com cheiro de leite nos braços… Talvez eu tivesse vivido tudo com mais calma. E, principalmente, me olhado com mais gentileza.

Mas hoje eu sei.

Se passaram dois puerpérios, muitas lágrimas e muitos sorrisos. Eu sei que nunca mais vou voltar pra Beatriz de antes de dois bebês mas eu sabia pra onde voltar e hoje eu sei que eu continuo sendo a mulher que vai à academia, que sai com as amigas de vez em quando, que sente orgulho da carreira em tecnologia, a esposa que faz churrasco com o marido…

Mas agora, muito mais completa.

Mais forte.

Mais feliz.


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