Discernimento, produtividade e os 7 pecados capitais no séc XXI

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Conhece os 7 pecados capitais? Ganância, preguiça, raiva, gula, luxúria, inveja e vaidade. Uma postagem na internet fez uma comparação muito interessante entre cada pecado capital e um aplicativo ou rede social que usamos diariamente:

Ganância – LinkedIn (rede social voltada para busca de empregos e troca de currículos)

Preguiça – Netflix (aplicativo para assistir a filmes e séries on demand)

Raiva – Twitter (rede social para expressar opiniões curtas)

Gula – iFood (aplicativo para pedido e delivery de comida)

Luxúria – Tinder (aplicativo de paquera virtual, para busca de parceiros)

Inveja – Facebook (rede social para compartilhar textos/fotos/vídeos pessoais ou de interesse)

Vaidade – Instagram (rede social para compartilhar fotos e vídeos rápidos pessoais ou assuntos de interesse)

É de se pensar, não? Um pouco assustador, até…

Em um primeiro momento eu me senti mal pela associação, pois realmente algumas das comparações acertaram em cheio. Já senti inveja usando o Facebook, ou perdi tempo e deixei de fazer o que deveria para ver mais um episódio de alguma série no Netflix…

Mas, depois, eu fiquei pensando: poxa não é porque eu assisto a uma ou outra série no Netflix que sou preguiçoso… e nem porque às vezes fico vendo o que meus amigos postam no Facebook que tenho inveja da vida dos outros.

No final das contas, percebi que a única diferença entre um “pecador crônico” e alguém que faz uso saudável dessas redes sociais e aplicativos é o discernimento. Tudo tem os dois lados da moeda.

Puxando a sardinha para o lado da gestão de tempo e produtividade, o Século XXI é um grande paradoxo: nunca tivemos à nossa disposição tantas ferramentas e máquinas que prometem nos fazer ganhar tempo e trabalhar menos. Ao mesmo tempo, nunca tivemos tantas distrações e suposta falta de tempo. Suposta porque, em qualquer século da humanidade, os dias sempre tiveram 24 horas. Na verdade, a expectativa de vida média do ser humano nunca foi tão alta quanto nos dias de hoje, ou seja, estamos vivendo cada vez mais tempo.

Voltemos aos aplicativos e redes sociais: o Tinder (ou qualquer aplicativo de paquera) pode realmente te motivar à luxúria, mas também pode ser o meio que fará com que você encontre o amor da sua vida. O Twitter ou Facebook podem ser meios de espalhar mensRaivaagens de ódio e textões ofensivos, mas também podem fazer você manter contato com pessoas queridas e parentes distantes. Tudo depende de como nós fazemos uso destas ferramentas modernas. De novo, discernimento.

Do ponto de vista de fazer um bom uso do tempo, é inegável que qualquer aplicativo desses pode facilmente se tornar um sumidouro de tempo. E ainda por cima desviar nosso foco do que realmente deveríamos estar fazendo para alcançar nossos objetivos de vida.

Ora, ficar horas jogado no sofá vendo séries é muito atraente, mas se você precisa estudar, trabalhar ou fazer outra atividade, perder-se em séries do Netflix é fazer uma péssima gestão do tempo. Por outro lado, se usados com sabedoria e equilíbrio, todos esses “luxos digitais” podem ser muito benéficos, inclusive para economizar tempo e ser mais produtivo.

O LinkedIn ou mesmo o Facebook podem agilizar reuniões de trabalho ou facilitar a busca por uma oportunidade de emprego; o Tinder pode poupar tempo ao filtrar encontros ruins ou com pessoas que você não tem afinidade; o Netflix pode ser uma excelente distração para momentos de descanso, tão necessários para manter a produtividade sempre em alta; o iFood ou outro aplicativo de entrega de comidas agiliza um jantar, por exemplo.

A questão é que vivemos na época do big data, e a enxurrada de informações a que somos submetidos diariamente é avassaladora. Se quisermos ser mais produtivos e fazer bom uso do nosso tempo, é preciso saber filtrar essas informações e usar apenas as que efetivamente forem relevantes para nossos objetivos. O resto é lixo.

Porém, é muito fácil se perder num labirinto de informações inúteis e, até achar a saída, jogar muito tempo útil fora, e é aí que entra o discernimento. Cuidado com a armadilha de que ter acesso a mil aplicativos fantásticos e à informação ilimitada é vantajoso sempre. Pode ser vantajoso, sim. Mas pode ser uma das formas mais rápidas de perder tempo com inutilidades.

Lembro a você de um ditado que procuro aplicar em quase todos os aspectos da minha vida: menos é mais. Saber focar no que é importante é uma qualidade poderosa e escassa hoje em dia. Eu arriscaria dizer que é uma competência imprescindível dos bons gestores de tempo, aqueles que sabem onde querem chegar e, com maestria, fazem bom uso dos recursos maravilhosos que a tecnologia atual nos proporciona.

Estou certo de que gerir tempo é questão de escolha. Ser produtivo é questão de discernimento e é preciso sabedoria para aproveitar o lado bom das coisas. Um brinde ao nosso tempo no século XXI.