De tecnologia a cogumelo alucinógeno: as lições das eleições no Brasil e nos EUA

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A alteração de data das eleições no Brasil em virtude da pandemia provocou uma série de coincidências. Uma delas é que os períodos eleitorais aqui e nos Estados Unidos (EUA) foram na mesma época. E aproveitamos para fazer comparações, para analisar prós e contras e sempre melhorar o nosso sistema.

A tecnologia, por incrível que pareça, é melhor aqui. Além do Brasil, 15 países utilizam urnas eletrônicas e outros 31 países adotam algum tipo de votação eletrônica. E esse processo agilizou a apuração dos votos: em poucas horas nós já sabemos quem ganhou, quem foi pro segundo turno e quem perdeu. Lá nos Estados Unidos, 15 dias depois, tem gente até hoje contando e recontando votos no papel.

E já que estamos falando em tecnologia, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez testes de votação pelo telefone celular aqui no Brasil. Quem sabe poderemos um dia votar sem sair de casa. Já pensou que facilidade? Eu fui conferir no domingo como foram esses testes. Só três cidades no país tiveram essa oportunidade – e Curitiba foi uma delas. Ainda tem muito o que testar e estudar para depois definir. Mas é importante avançar.

Voltando às eleições, o modelo de eleição direta para presidente da República no Brasil é mais fácil de entender. Ganha quem tiver mais votos e ponto final. Lá, a votação é proporcional, porque depende do número de delegados de cada estado – alguns tem 55, outros tem 6 – o que já mostra a diferença e a importância eleitoral de cada um. Em 2016, a candidata Hillary Clinton teve mais votos que Donald Trump, mas ele teve mais delegados do que ela.

Por outro lado, tem muita coisa que podemos trazer de lá. O que mais me agrada é a existência de plebiscitos, que é uma consulta à população sobre um assunto geralmente polêmico. A última vez no Brasil foi em 1993, em que escolhemos se no país teríamos república ou monarquia e também um sistema parlamentarista ou presidencialista.

Nos EUA, somente neste ano, foram realizados pelo menos 120 plebiscitos em 32 estados, sobre temas diversos, como: aborto, discriminação racial, legalização da maconha para fins recreativos e de cogumelos alucinógenos e até sobre a justiça local, como a possibilidade de uma condenação aumentar a punição em alguns crimes.

Outro ponto importante é que o processo de eleições não é concentrado em um só dia. Você pode votar durante a semana, por exemplo. Nesse ano de pandemia, locais de votação fizeram drive thru, ou seja, você passava com o carro, registrava o voto e continuava na sua rotina do dia.

Vimos as diferenças entre os processos eleitorais, mas sabe o que empata no Brasil e nos Estados Unidos? O desinteresse da população, infelizmente. Lá o voto não é obrigatório, e quase metade da população (numa média generalista) vota branco e nulo ou não vai às urnas. E aqui estamos indo para o mesmo caminho. Infelizmente, de novo.