Genética e Emagrecimento

Hoje a obesidade é considerada epidemia mundial, no Brasil quase metade da população está acima do peso segundo estudo da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) o percentual de pessoas com sobrepeso passou de 42,7% em 2006 para 48,5% em 2011.
Muito se fala que a genética é um fator de influência e a vilã responsável por essa epidemia. Você já conheceu famílias inteiras com facilidade para ganhar peso ou dificuldade para emagrecer? Será que o nosso DNA é responsável pelo ganho de peso tão presente hoje?

Buscando uma resposta para essa pergunta mergulhei em meus estudos e encontrei citações sem embasamentos científicos que mencionam que filhos de pai ou mãe obeso tem 50% de chance em ser obeso e que se ambos pai e mãe são obesos a chance sobe para 80%. Além desse dado vejo na prática pessoas falando que não possuem genética para emagrecer, que por ter nascido gordo vai morrer gordo.

Afirmações como essas podem fazer você acreditar que é uma vítima da genética e que a probabilidade de conseguir emagrecer é quase nula. Porém a maioria dos estudos científicos feitos atualmente concluem que o emagrecimento é multifatorial, como o estudo feito pela Universidade da Carolina do Leste nos EUA, que correlacionou 15 fatores que influenciam o emagrecimento sendo a genética apenas 1 fator dentre os 15.

Outro estudo feito na Inglaterra pela Peninsula Medical School, demonstraram que mães obesas tem 10 vezes mais chances de ter filhas obesas e que pais obesos tem 6 vezes mais chances de ter filhos obesos, porém não há correlação de influência significativa entre sexo opostos (filha e pai ou filho e mãe). A conclusão desse estudo é que a obesidade não parece ser influenciada pela genética e sim por comportamentos que os filhos copiam de seus pais tendo a ‘simpatia comportamental‘ em atitudes que levam ao ganho de peso. Visto que o vilão da genética não parece ser o nosso maior inimigo deixemos essa desculpa de lado e vamos focar em um estilo de vida saudável com boa alimentação e a pratica regular de atividade física.

Perceba que a genética tem pouca influência na obesidade e poderá determinar apenas as dificuldades que você terá no processo de emagrecimento, mas não os seus resultados, estes serão consequências do seu comportamento.
Um abração e até a próxima semana.

Referência:

Perez-Pastor E, Metcalf B, Hosking J, Jeffery, Voss L, Wilkin T. (2009). Assortative weight gain in mother-daughter and father-son pairs: An emerging source of childhood obesity. Longitudinal study of trios (EarlyBird 43). International journal of obesity. 33(7), 727-735
Matarese L, Pories W. (2014). Adult Weight Loss Diets: Metabolic Effects and Outcomes. Nutr Clin Pract. 29(6), 759-67.