MMA

Anderson Silva relata casos de racismo sofrido no Brasil e nos Estados Unidos

O lutador Anderson Silva relatou casos de racismo que ele e sua família sofreram, inclusive no bairro onde mora em Los Angeles. O campeão do UFC, em entrevista para a CNN, declarou que sofre preconceito desde pequeno, e lembrou quando a sua irmã foi alvo de racismo na escola.

“Minha irmã na escola, quando criança, as meninas seguraram ela e os meninos pintaram ela de giz. Quer dizer, é uma coisa que existe e está aí”, disse Spider, lembrando quando sofreu na pele racismo na época em que trabalhava em uma famosa rede de fast food.

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Não é fácil ser negro sei muito bem como é sofri muito racismo na escola quando criança e no trabalho, e meus irmãos também. Uma das passagens claras em nossas memórias, minha irmã Sandra foi vítima de um ato inaceitável na escola, as outras crianças pintaram minha irmã com giz, eu trabalhava em uma lanchonete no balcão e um senhor me olhou e disse “Tem alguém para me atender?” Eu respondi: “Sim senhor estou aqui para atendê-lo” ele olhou para mim e respondeu em tom agressivo e soberbo não quero ser atendido por um negro, ou seja, o racismo existe e quem não é negro não sabe como é viver isso!!! Chegamos aqui como escravos e não como imigrantes sem a menor chance de criarmos igualdade mesmo assim é pelo que estamos lutando até hoje, por igualdade e por justiça!! Não é sobre partido político, o racismo é real e não precisa ir muito longe para vocês entenderem; os escravos não tinham direitos, não podiam possuir ou doar bens muito menos iniciar processos judiciais, mas podiam ser castigados e punidos. Em 1538, Jorge L. Bixorda arrendatário de pau-brasil teria traficado para a Bahia os primeiros escravos africanos, eles eram capturados na África e trazidos à força para a América em grandes navios, em condições miseráveis e desumanas, muitos morriam durante a viagem através do oceano Atlântico, vítimas de doenças, de maus tratos e da fome. Os negros foram tirados de suas casas, de sua terra e trazidos a força, crianças e mulheres nunca tiveram nenhum direito real. Os escravos tinham que conviver com a violência e a humilhação em seu dia-a-dia mulheres sendo violentadas por brancos e etc. A “suposta” classe dominante socialmente dava a justificava de que as condições através de ideias religiosas e racistas que impunha a superioridade e privilégios sobre nós negros. Coisa que disfarçadamente ainda acontece, inversão de valores e intensas barreiras sociais. A história do povo negro e muito mais que uma terrível memória de injustiça; a escravidão negra foi implantada durante o século XVII e se estendeu até 1888, e temos que lutar até os dias de hoje… Não podemos aceitar calados esta injustiça!!! Merecemos respeito!!! ✊🏿 #blacklivesmatter

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“Eu trabalhava em uma lanchonete e um senhor entrou na loja e perguntou se tinha alguém para atendê-lo, e ele disse que não queria ser atendido por um negro”, lembrou.

Anderson lamentou o que aconteceu com George Floyd, morto por um policial branco, e afirmou que até mesmo nos Estados Unidos, já famoso, teve problemas com as autoridades.

“Quando me mudei para cá, onde a gente mora agora, eu tive vários problemas com a polícia da área. Porque vínhamos visitar a obra e até mesmo quando a casa estava construída. A polícia parava e perguntava onde eu estava indo e onde morava. Falava: ‘moro aqui, em tal rua’. Os policiais seguiam até minha rua”, disse o lutador em entrevista para a CNN.

“Tem dois lados: uma que nunca me viram aqui ou porque é segurança do bairro, mas prefiro acreditar que seja por conta disso. Porque meu carro não tenha sido visto ainda [na região]. Pararam todas as pessoas da minha família, meus filhos, minha esposa. E não foi uma vez só. Eu quero acreditar que seja por segurança, e não por racismo”, completou Spider.

*Por Folhapress