Subterrâneos da história

Que não seja por falta do buraco do metrô que a nossa imaginação vai deixar de percorrer os subterrâneos da cidade. Para quem gosta de mistérios da história, o repórter Jadson André, desta Tribuna está vasculhando os caminhos subterrâneos que ligariam diversos pontos de Curitiba.

Na fascinante reportagem de Jadson – que hoje escreve sobre a incrível câmara debaixo do Clube Concórdia – estão a cidade subterrânea embaixo do Setor Histórico; extensas galerias feitas por escravos há cerca de 300 anos, a mando de padres da Companhia de Jesus; relatos a respeito de um pirata inglês que usou túneis do Vista Alegre para guardar as riquezas que roubou, além de histórias sobre túneis feitos por alemães durante períodos de guerra.

Sobre o período da Segunda Guerra Mundial, é preciso contar a origem do incrível abrigo antiaéreo no subsolo do Colégio Estadual do Paraná, obra que o interventor Manoel Ribas trouxe embaixo do braço depois de uma visita ao presidente Getúlio Vargas, em 1943.

Conforme conta o empresário Fernando Fontana no seu recém-lançado livro ‘Desvendando Manoel Ribas – o homem, a obra, o mito‘, ao despachar com Getúlio no Palácio do Catete, ‘Maneco Facão‘ (como era popularmente conhecido o interventor) explicou ao presidente que o seu sonho era construir um grande colégio em Curitiba. Getúlio aprovou a ideia e disse que se a planta e o orçamento lhe fossem apresentados o quanto antes, poderia voltar para casa com o colégio na mala. Maneco Facão, que de jeito e maneira não ia deixar de passar o facão no gaúcho, despediu-se dizendo que no dia seguinte iria retornar com algum material para ser aprovado, pois já tinha alguma coisa ‘encaminhada‘. Em conversa com o Ministro do Exército, Eurico Gaspar Dutra, um pouco antes da audiência presidencial, tinha visto a planta do prédio da futura Academia Militar de Agulhas Negras, onde passariam a ser formados os Oficiais do Exército. Maneco Facão pediu autorização para usar a planta e o orçamento já pronto com os engenheiros militares e, com a assinatura e a verba de Getúlio, reproduziu o complexo militar com um abrigo antiaéreo no subterrâneo do Colégio Estadual.

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Para não perder o fio da meada, na edição de amanhã conto por que Curitiba sofreu seguidos bombardeios aéreos na Segunda Guerra Mundial.