Saldanha Marinho, uma rua exclusiva para pedestres.

Por que não?

Está ganhando corpo em Curitiba a idéia de completar a Rua Saldanha Marinho como via exclusiva para pedestres. O pai da proposta é o arquiteto Bruno De Franco e já ganhou um pequeno mas poderoso grupo de adeptos, os formadores de opinião, curitibanos antenados com o rumo e o retrato sempre mais bonito da cidade.

E por que não?

A Rua Saldanha Marinho tem no próprio nome uma vocação antiga para o destino de ser uma rua liberta de veículos: na intimidade curitibana, ela tem apelido carinhoso e bem apropriado, criado pelo engenheiro Nicolau Kluppel. Com orgulho polaco, o poeta Paulo Leminski repetia Sandália Marinho, nas suas andanças entre o Bar do Alemão e o Bar Kapelle. Adivinhando uma rua para o pedestre gastar a sandália, dedicada ao sagrado direito de o cidadão flanar, como se estivesse às margens do Rio Sena, em Paris, ou então indo e vindo pela Via Marguta, no Centro Histórico de Roma. No Centro Histórico de Curitiba a Saldanha Marinho também nasce, escorrega algumas poucas quadras dedicada aos pedestres, acompanha com a devida distância e respeito a área boêmia, sendo paralela à Cruz Machado, atravessa a Rua Fernando “dos Chorões” Moreira, e, célere, alcança a belíssima Praça Espanha, desaguando na chique região do Batel, com todos os seus encantos gastronômicos e seu comércio sofisticado. Do Largo da Ordem, largando da Catedral Metropolitana, uma passeggiata a pé ao encontro da Praça Espanha seria uma alternativa singular à superpovoada Rua das Flores.

Sendo completamente exclusiva para pedestres, a Rua Saldanha Marinho pode ser induzida ao comércio, ao turismo, à gastronomia, vindo a ser o bairro boêmio. Mais ainda, redime-se de possuir as piores calçadas de Curitiba, explicação para o propalado mau humor do curitibano, este pedestre de cabeça baixa, ensimesmado e sem nenhum sorriso, por culpa de suas calçadas. De tão mal construídas, esburacadas e onduladas, as calçadas da Saldanha nos fazem pedestres preocupados com a sorte das próprias canelas. Queremos o fim do paralelepípedo e a instituição de calçadas sem truques, apenas lisas e porosas. Seguras, nada mais, nada menos. E a rua dedicada exclusivamente aos pedestres, por que não?

Senhores poetas, arquitetos, engenheiros, vereadores, boêmios, seresteiros, vamos todos cantar um hino pelo fechamento da Rua Saldanha Marinho. Nada temos a perder, senão um bando de viaturas atravancando os passos do cidadão.

Senhores candidatos a prefeito, ai de vós se não incluirdes o fechamento da Saldanha na pauta desta próxima eleição.

Senhor prefeito Cassio Taniguchi, se a Rua das Flores foi criada da noite para o dia, Curitiba também merece uma nova Saldanha Marinho como presente para este Natal. Por que não?

Até quarta-feira; e quem quiser opinar e assinar embaixo, envie e-mail para a coluna.

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