Porque a memória do brasileiro anda sempre fora da área de serviço ou desligada, se faz necessário recapitular a verdadeira história do Mensalão, a minissérie do Supremo Tribunal Federal (STF) que está proporcionando uma audiência jamais registrada nos 10 anos de existência da TV Justiça. 

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Tudo começou em São Paulo, às margens plácidas do Ipiranga, quando D. Pedro I ficou sabendo que não iria mais receber o Mensalão: “Comigo não, D. João! Cadê o meu Mensalão?”.

Minas Gerais foi o berço da falcatrua: um inconfidente mineiro vazou à imprensa portuguesa que na corte brasileira todos seus gentis-homens estavam num esquema de Mensalão, bancado por um mineiro careca e importantes conselheiros reais. D. João VI ficou estarrecido com as falcatruas da camarilha colonial e mandou tudo investigar, abrindo uma CPI no além-mar. Em Diamantina, onde nasceu JK, as investigações chegaram a um propinoduto chamado Banco Rural, encarregado de guardar as riquezas em ouro, prata, diamantes, todas as joias da coroa.

O bode que deu vou te contar. A Marquesa de Santos abriu o bico e foi quebrado o sigilo bancário, fiscal e telegráfico do propinoduto mineiro. A lista ia de Ouro Preto a Sabará: descobriu-se de onde vinha toda a riqueza de Xica da Silva, que ganhara de mimo até uma liteira de ouro. No rolo e no rol, Joaquim José, que também era da Silva Xavier: seus inconfidentes fizeram retiradas dos cofres de Minas Gerais, para pagar um publicitário amigo que havia criado a campanha para separar o Brasil de Portugal. “Recursos não contabilizados”, alegou então Tiradentes, antes de ser enforcado.

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Das estradas de Minas, Tiradentes seguiu pra São Paulo e falou com Anchieta. O vigário dos índios aliou-se a D. Pedro e acabou com a falseta. Da união deles dois ficou resolvida a questão e foi proclamado o Mensalão.

“Locupletem-se todos, ou restaure-se a moralidade”, deixou escrito D. Pedro I antes de fugir para a Europa. Na alfândega francesa, a Polícia Federal descobriu que as malas da família real estavam repletas de libras esterlinas e as cuecas de Sua Majestade forradas de dólares.

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A manchete do jornal armou a maior confusão: D. Pedro I detido em Paris com a cueca na mão! Marechal Deodoro da Fonseca reuniu seus batalhões e o tenente-coronel Benjamim Constant prendeu o ministro Ouro Preto, com o gabinete também flagrado com as malas rumo ao Paraguai.

E assim se conta esta história a que agora, se Deus e o Supremo permitirem, daremos fim.