Plano de fuga do Cerveró

Com absoluta exclusividade, a verdadeira transcrição da conversa gravada entre o senador da República Delcídio do Amaral e seus comparsas no planejamento dos meios de fuga de Nestor Cerveró.

Delcídio: O negócio é o seguinte. Precisamos tirar o delator das garras do Sérgio Moro! De qualquer maneira.
Comparsa Um: De que forma, senador? Por vias marítimas, aéreas ou terrestres?

Comparsa Dois: Ou pelas vias de contrabando com o Paraguai?

Delcídio: Cerveró sai de Curitiba com um habeas corpus, passa o final de semana num cinco estrelas em Foz Iguaçu e de lá embarca para a Espanha, via Buenos Aires.

Comparsa Um: Nesse caso, não seria melhor consultar antes o companheiro Henrique Pizzolato? Ele tem uma vasta experiência no assunto.

Delcídio: Conheço o Pizzolato do Jurerê Internacional, em Floripa. Esse babaca é um amador. Onde já se viu fugir com o passaporte do irmão falecido?

Comparsa dois: E se o Cerveró fugir por via marítima? Uma viagem de veleiro de Paranaguá a Barcelona, com uma parada para descansar em Fernando de Noronha, seria uma beleza.

Delcídio: Quer matar o velho? Com aquele olho de peixe morto, antes de chegar na Linha do Equador o Cerveró seria engolido pelos tubarões.

Comparsa Um: Tenho uma ideia! Vocês estão lembrados do padre Adelir de Carli? Ele levantou voo de Paranaguá com mil balões de festa cheios de gás hélio. O objetivo dele era chegar a Ponta Grossa, mas acabou sendo desviado pelo vento e caiu no mar a 100 km da costa de Macaé, no Rio de Janeiro.

Delcídio: Por falar nisso, e se a gente escondesse o Cerveró numa plataforma marítima da Petrobrás? Ele ia se sentir em casa.

Comparsa Um: Sejamos práticos, senador. Só tem um jeito de tirar o homem do Brasil de forma rápida e segura: por transporte aéreo privado. A aeronave indicada seria um Falcon 50, que não para no meio, isto é, não precisa fazer escala técnica.
Comparsa Dois: Mas quando desembarcar no aeroporto de Madrid, a tornozeleira eletrônica vai apitar.Vai dar o maior bode!
Delcídio: Outra opção seria comprar um passaporte diplomático no câmbio negro do Senado! Pixuleco pra isso é que não falta.
Comparsa Um: Senador, desculpe a franqueza, mas só tem uma solução para o caso: e se a gente mandasse esse delator para o quinto dos infernos?