Era uma vez no Brasil, tinha um grupo musical do balacobaco: ?Os velhinhos transviados.? Quem lembra? Criado pelo músico Zé Menezes, era o conjunto mais bem-humorado dos anos 60, que recriava sucessos da época com versões satíricas. Todos os componentes eram músicos ?tarimbados? como se dizia então e ?da pesada? como se passou a dizer mais tarde. E o mais importante estava no próprio nome: velhinhos e transviados.
Transviados essa palavra quase ninguém mais lembra, queria dizer qualquer coisa que fugisse à regra careta de então. Porém, ressalte-se, não tinha qualquer conotação boiola.
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?Jovens, envelheçam!? – e o mais rápido possível, lembrava o escritor Nelson Rodrigues, aquele genial velhinho ranzinza. Foi essa frase que me ocorreu no final da apresentação dos velhinhos transviados britânicos, os Rolling Stones.
Meninos, nós vimos: o espetáculo em Copacabana foi dos anciões, como nos informou o escritor Toninho Vaz, assim que Mick Jagger foi pra ?caminha?, depois de jogar sua bengala ao público: ?Na badalação vip o destaque fica por conta do aniversário de Cristiane Torloni e do depoimento da apresentadora Marina Person, da GNT, que tentando menosprezar o rock dos velhinhos, cometeu a contradição de afirmar que ?os Stones, na verdade, estão decadentes. O auge deles foi nos anos 70?. (Se reunir mais de milhão de pessoas para um show é sinal de decadência de uma banda, então vamos reconsiderar nossos métodos de avaliação).
Toninho Vaz, curitibano e ex-repórter rápido no gatilho, mandou notícias fresquinhas para o blog do cartunista Solda:
?Deu tudo certo. Aquilo que se esperava aconteceu: foi uma noite sem chuva e com muito rock?n roll. (Até o momento, 3 da matina, não se conhece nenhum delito grave, violência extraordinária. Se a Conlurb trabalhar ligeiro, limpando a praia antes das 10, nem os moradores do bairro vão reclamar das conseqüências). Segundo estimativa da PM, ?mais de um milhão de pessoas acompanharam a festa dos velhinhos comandada pelo energético e carismático Mick Jagger, o homem-pilha?.
A jornalista carioca Cora Ronai também foi testemunha: ?Os dinossauros estão em grande forma. Não sei o que eles tomam, mas a energia dos véinhos é simplesmente espantosa, sobretudo a de Mick Jagger. 64 anos com corpinho de 30 e energia de 15; é de deixar qualquer garoto humilhado.?
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Um dia antes do show dos velhinhos transviados, Martins Vaz dava notícias de dois curitibanos que trocaram o baile da terceira idade do Operário, aqui no Alto do São Francisco, pelos embalos de Copacabana: ?A Adélia Maria Lopes e o Iran já estão na cidade de mochila nas costas. Parecem casal de peruanos procurando ?auasca? nas colinas de Arequipa, mas na verdade estão apenas atrás da fonte da juventude.?
O nosso correspondente não perdeu de vista o casal de transviados: ?A Adélia e o Iran estão neste momento dormindo no ônibus de excursão que os trouxe até a Cidade Maravilhosa e agora os leva de volta a Curitiba. Pelo celular eles avisaram: Foi bárbaro! (No bom sentido, é claro!).?
Jagger, aquele velhinho do balacobaco, nem precisa de viagra para mostrar o seu valor, nos contou finalmente Toninho Vaz: ?Existe séria preocupação quanto aos encantos das mulatas cariocas (na chapa quente do Carnaval) quando colocados próximos de Mick Jagger. O cara sofre de paudurecência crônica.?
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Hoje é dia de tomar cerveja com Adélia Maria Lopes e Iran, lá no Bar Bife Sujo, na Saldanha Marinho, com a esticada para ouvir o velhinho assanhado Saul Trumpete, no Bar Kapelle. O casal transviado promete contar tudo, nos mínimos detalhes.