O possível do impossível

Independentemente das conclusões do Juiz Sérgio Moro e do juízo que se faz das práticas políticas do Zé Dirceu, parece que o menos pior seria a presidente completar o seu mandato. Impeachment, só mesmo se descobrirem um Fiat Elba na garagem da Dilma.

Serão três longos anos – porque este já acabou – na expectativa de que o ministro Joaquim Levy, num passe de mágica, tire um coelho de sua cartola. Mas como a nossa economia está exigindo truques extraordinários, só mesmo o célebre ilusionista Henry Houdini para – como ele próprio costumava dizer – “fazer com que o impossível se torne possível”.

Numa apresentação para o czar e a czarina da Rússia (conta Craig Brow, no livro “Um por um”), Houdini solicitou a cada um dos convidados da família real que escrevesse num papel uma tarefa impossível. Recolhidos dentro de uma cartola, Houdini pediu que o grão-duque tirasse um dos bilhetes e o lesse em voz alta.

O grão-duque pegou um dos papeis e balançou a cabeça:

– Receio que essa tarefa seja impossível até mesmo para um portento como senhor!

Depois de um minuto de silêncio, com o czar impaciente, o grão-duque lê:

– Consegue fazer tocar os sinos do Kremlin?

Os convidados começaram a rir, sabendo que os sinos do Kremlin não repicavam há mais de um século e que as cordas já estavam apodrecidas.

Houdini foi até uma das magníficas janelas com ampla vista para o Kremlin e pediu que a plateia se reunisse ao lado dele. De um dos bolsos sacou um lenço e, do outro, um vidrinho contendo um pó roxo e declamou os versos do feitiço: “Pó mágico, viaje noite afora, / Cumpra sua missão antes da luz da aurora, / Do Sétimo Céu ao Inferno que apavora, / Que os sinos dobrem agora!”.

Depois de uma breve pausa, subitamente os sinos começam a soar. Todos ficam espantados:
– É um milagre!

Da cartola não sai nenhum milagre. Sem que os convidados soubessem, o assistente de Houdini aguardava na sacada do hotel do outro lado do Kremlin. Ao avistar o sinal do lenço – combinado de antemão -, ele mirou um rifle de ar comprimido na direção dos sinos e disparou uma saraivada de tiros, o que fez os sinos tocarem.

Como já sabemos que de dentro da cartola do governo aparecem soluções mágicas para tudo, só resta ao marqueteiro João Santana, o ilusionista da Dilma, recorrer aos truques de Houdini para fazer dobrar os sinos da Catedral de Brasília.

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