Não sobra um, meu irmão!

Além de corruptos, os políticos brasileiros ainda serão acusados de fratricidas. Nessa guerra de irmãos atacando irmãos, onde nem a própria mãe escapa de ser leiloada em troca de uns minutinhos no horário eleitoral gratuito, o cenário desolador lembra a disputa pelo poder no Império Otomano até o século 16.

Num tempo em que os turcos dominavam vinte e uma das nações modernas – abarcando todo o sudoeste da Europa, incluindo cidades grandes quanto Argel, Cairo, Bagdá, Jerusalém, Atenas e Belgrado, além de bater na porta de Viena -, era tradição otomana que, dos muitos filhos do sultão, aquele que sucedesse o trono imediatamente estrangularia todos os irmãos, de modo a remover qualquer ameaça a seu posto. O Sultão Murad II, por exemplo, que governou de 1574 a 1595, teve mais de cem filhos e deixou vinte deles vivos. O mais velho estrangulou seus dezenove irmãos e, para se assegurar, assassinou sete das concubinas de seu pai que estavam grávidas.

Depois de 1600, o Sultão Ahmad I deu fim a esse terrível ritual e passou a prender os irmãos vivos num pavilhão especial chamado de ‘A Gaiola‘, onde eles viviam sem qualquer comunicação com o mundo exterior.

Naquela gaiola de ouro (na companhia de concubinas que não podiam engravidar e, se tal acontecesse, o recém-nascido ia para o fio da espada), quando um sultão morria ou era envenenado sem deixar um filho, um irmão era convocado do isolamento e proclamado como a nova ‘Sombra de Deus na terra‘. O maior problema – e que muito prejudicou o Império Otomano – era que dificilmente encontravam entre os engaiolados algum príncipe preparado para assumir o poder. De modo geral eram ignorantes, sem capacidade intelectual nem conhecimentos políticos adequados para governar o Império.

Nos últimos anos, ou décadas, também é desolador o cenário sucessório no Brasil. Com tantos da mesma família (Lula e FHC eram irmãos por parte do discurso de esquerda) se estrangulando pelo poder, no final da chacina em quem votar para presidente? E para o governo do Paraná, o que nos resta?

Tendo em vista alguns candidatos a prefeito de Curitiba que estão se apresentado, junto com o currículo escolar e o atestado de boa conduta deveria ser obrigatório um teste de Quociente de Inteligência (QI). Não sobra um, meu irmão!

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