Escolhas que nos escolhem: das silenciosas às grandiosas

Foto: arquivo.

Você já parou para pensar que a vida é um caminho pavimentado por escolhas? Planejadas ou improvisadas, mas todas carregadas de histórias. Há quem diga que escolher seja se doar um pouco à perda e talvez seja verdade. Mas, se pensarmos que perder é necessário para ganharmos espaço para o que cabe e faz sentido… A perda ganha outro significado.

Escolher ser mãe, por exemplo – é a possibilidade de abrir um livro novo, com capítulos que mudam o rumo da trama a cada instante. É olhar para o futuro com a coragem de quem aposta na vida. Escolher congelar óvulos também é ser mãe em potência: guardar no tempo a possibilidade de um amanhã fértil, do encontro com a gestação quando e se o coração quiser. E doar óvulos? Ah, isso é maternidade expandida: é emprestar futuro para quem não pode gerar – multiplicar a chance de mais histórias nascerem. Quantas lindas escolhas em uma só decisão, não é mesmo?

Há escolhas silenciosas, quase invisíveis, mas tão grandiosas quanto qualquer vitória estampada em jornal. Como decidir dedicar-se integralmente à uma maternidade mesmo com carreira já firme, bonita e reconhecida. Deixar o mercado esperar um pouco, a carteira de clientes diminuir drasticamente enquanto se acolhe um filho nos braços. Não é e nunca será renúncia: é troca. Abrir mão de metas para alcançar outras: o passo firme, o abraço quente, as primeiras palavras, a primeira leitura, o “mamãe, olha!” que vale mais do que qualquer premiação ou final de um projeto.

E tem também aquela decisão escondida no cotidiano: não colocar uma gota de álcool na boca porque existe um par de olhos atentos a tudo a andar pela casa. Dar exemplo. Mostrar que o trabalho que é possível sendo só – dignifica, que o esforço de ser mil em uma – compensa, que não existe sonho que sobreviva sem o cuidado. Acordar antes da casa despertar e repetir, sem cansar, que a vida se constrói mesmo é devagarinho…. Transformar o próprio corpo em prova: emagrecer, se fortalecer, priorizar a saúde – não por vaidade, mas por amor. Pois, às vezes, o porquê de acordar de manhã tem nome, cheiro e risada.

Saber mostrar que a vida não é feita só de presença, e que a solitude é outra escolha inteira. Recuo, pausa. Não é ausência, tampouco vazio. É redescobrir que o mundo inteiro cabe dentro de si. Perceber que o silêncio que fala e a que alma pede quietude para crescer, faz do escolher a si mesmo como o começo de todas as outras escolhas. É decidir nunca mais permitir que alguém diminua a sua história, desvalorize o que você construiu, o que sente, o que sabe. Assumir nos devolver ao centro, nos mostra onde não cabemos. Não por maldade. Apenas porque algumas formas não combinam com o nosso contorno.

E o mais bonito é perceber que o brilho do outro não apaga o nosso. Reconhecer o bom do outro sem sentir ferida é sabedoria madura, é leveza conquistada. É escolher sempre – ou isso, ou aquilo – com calma e presença. Porque lá fora existe um sol insistente e disposto a brilhar todos os dias, mesmo quando esquecemos de olhar além. E há tantas pessoas que apreciam quem somos, que sorriem com as nossas vitórias, que enxergam luz onde só vemos rotina.

Seguir e caminhar com quem nos oferece ombro, riso, silêncio, abrigo. Ser visto pelo que somos – não pelo que entregamos, produzimos ou aparentamos, mas pelo que sentimos e cultivamos, cá por dentro. Essas presenças nos lembram que o dia a dia é feito de olhar nos olhos, dividir o peso e multiplicar a esperança. São mãos que seguram as nossas quando o chão treme, e que aplaudem quando escolhemos avançar.

É a força interna que floresce quando o amor próprio se torna bússola, a liberdade de fazer o próprio caminho acontecer…. É compreender que coragem, mesmo com medo, é decisão. No fim, escolher a si é saber que a única vida possível é a que se vive agora –  e, que milagrosamente a estrada se ilumina quando a gente caminha. A vida não está pronta. A vida se escolhe. E, no fundo, talvez sejam as escolhas que nos escolham também. Basta dizer sim ou não e seguir adiante com firmeza.

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