Em clima de Copa do Mundo, Ainda Estou Aqui leva o Oscar de Melhor Filme Internacional

A cerimônia do Oscar 2025 ficará marcada na história do cinema brasileiro pela consagração de Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, que conquistou o prêmio de Melhor Filme Internacional. Uma cerimônia marcada por poucas [mas curiosas] surpresas.

A vitória representa um marco significativo para o cinema nacional, destacando-se em uma noite em que o filme Anora, de Sean Baker, foi o grande vencedor, levando cinco estatuetas, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz para Mikey Madison.

A noite começou de forma espetacular com uma apresentação musical inspirada em Wicked e O Mágico de Oz. Ariana Grande e Cynthia Erivo, protagonistas da adaptação cinematográfica de Wicked, encantaram o público com um medley que incluiu “Over the Rainbow”, “Home” e “Defying Gravity”. A performance emocionou a plateia e serviu como uma introdução mágica à cerimônia.

A categoria de Melhor Filme Internacional contou com fortes concorrentes, como Emília Pérez, Flow, A Garota da Agulha e A Semente do Fruto Sagrado. Ainda Estou Aqui, porém, destacou-se por sua narrativa poderosa e relevante, conquistando merecidamente a estatueta. A vitória foi anunciada por Penélope Cruz, levando o público brasileiro à euforia, comparável ao clima de Copa do Mundo.

Foi lindo de ver as milhares de pessoas vendo a cerimônia em praça pública e vibrando com essa conquista do cinema brasileiro. O resultado não apenas da qualidade do filme, mas de uma campanha impecável, fazendo com que o filme se tornasse conhecidos dos votantes a poucas semanas da premiação.


Na categoria de Melhor Atriz, infelizmente não deu para Fernandinha. A disputa estava acirrada entre Demi Moore (A Substância), Fernanda e Mikey Madison (Anora). Demi Moore, vencedora do SAG Awards, era considerada favorita, mas enfrentava desafios por seu papel em um filme de terror explícito, um gênero que historicamente encontra resistência na Academia – mesmo contando com um discurso contra o etarismo e uma jornada de redenção que quase sempre ganha a simpatia dos votantes.

Vale reforçar aqui que a vitória de Mikey Madison não foi, de forma alguma, uma repetição de casos como o de Shakespeare Apaixonado, quando Fernanda Montenegro perdeu o Oscar para Gwyneth Paltrow. Fernanda Torres, embora não tenha levado a estatueta, já considerava a indicação uma vitória significativa para o cinema brasileiro. E ela tem razão.

Anora consolidou sua supremacia ao vencer também nas categorias de Melhor Diretor para Sean Baker, Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem. O filme já havia sido reconhecido em premiações anteriores, como os sindicatos de roteiristas, diretores e produtores, pavimentando seu caminho para o sucesso no Oscar.

Na prática, Ainda Estou Aqui tinha pouquíssimas chances nesta categoria: aqueles que apostavam em um efeito Parasita, quando o filme coreano levou Melhor Filme Internacional e Melhor Filme, estavam com as expectativas bem acima do moderado. A disputa estava mesmo entre Anora, O Brutalista e Conclave, os únicos com chances reais de levar o prêmio principal.

Adrien Brody levou o prêmio de Melhor Ator por sua atuação em O Brutalista, enquanto Kieran Culkin e Zoe Saldaña, as maiores barbadas da noite, foram reconhecidos como Melhor Ator e Atriz Coadjuvante por seus papéis em A Verdadeira Dor e Emília Pérez, respectivamente. A animação Flow conquistou o prêmio de Melhor Filme de Animação, e A Substância foi laureado com Melhor Maquiagem.

A vitória de Ainda Estou Aqui não foi apenas um triunfo artístico, mas também um poderoso comentário político. O filme aborda a resistência contra a opressão e a busca por justiça durante um período sombrio da história brasileira, temas que, infelizmente, ainda encontram eco nos dias atuais. A narrativa de Eunice Paiva serve como um lembrete da importância de defender a democracia e os direitos humanos, ressoando com plateias ao redor do mundo.

A recepção internacional do filme consolida ainda mais o cinema brasileiro como uma força significativa no cenário global. A capacidade de Ainda Estou Aqui de se conectar emocionalmente com audiências diversas demonstra a universalidade de sua mensagem e a qualidade excepcional de sua produção. Essa conquista abre ainda mais portas para futuras produções nacionais e destaca a relevância do Brasil no mapa cinematográfico mundial.

Em suma, a vitória de Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional é um testemunho do talento e da resiliência do cinema brasileiro. O filme não apenas celebra nossa cultura e história, mas também reforça a importância de contar histórias que desafiam, inspiram e conectam pessoas globalmente. Que essa conquista seja a primeira de muitas e que continue a inspirar cineastas e espectadores em todo o mundo.


Segue a lista completa dos vencedores do Oscar 2025:

Melhor Filme

  • Anora

Melhor Direção

  • Sean Baker por Anora

Melhor Atriz

  • Mikey Madison por Anora

Melhor Ator

  • Adrien Brody por O Brutalista

Melhor Atriz Coadjuvante

  • Zoe Saldaña por Emilia Pérez

Melhor Ator Coadjuvante

  • Kieran Culkin por A Real Pain

Melhor Roteiro Original

  • Anora

Melhor Roteiro Adaptado

  • Conclave

Melhor Filme Internacional

  • Ainda Estou Aqui (Brasil)

Melhor Filme de Animação

  • Flow

Melhor Documentário

  • No Other Land

Melhor Fotografia

  • O Brutalista

Melhor Edição

  • Anora

Melhor Design de Produção

  • Wicked

Melhor Figurino

  • Wicked

Melhor Maquiagem e Penteados

  • Emilia Pérez

Melhor Trilha Sonora Original

  • O Brutalista

Melhor Canção Original

  • Emilia Pérez

Melhor Som

  • Duna: Parte Dois

Melhores Efeitos Visuais

  • Duna: Parte Dois

Melhor Curta-Metragem de Animação

  • In the Shadow of Cypress

Melhor Curta-Metragem em Live Action

  • I am not a Robto

Melhor Documentário em Curta-Metragem

  • The Only Girl in the Orchestra

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