A inspiradora história de Maria José Correia, a Baronesa do Serro Azul, acaba de ganhar um novo capítulo em sua divulgação. Recentemente, foi lançado o livro de autoria de Amanda Prado, Lilian Cardoso Mendes e Lorena Dal Castel, uma iniciativa que se concretizou por meio de uma lei de incentivo, com recursos do Programa de Apoio ao Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba. A Associação Comercial do Paraná (ACP – PR), através do seu Conselho da Mulher Empresária, representado por Albanir Fracaro e Camila Salatti (grupo qual eu também faço parte), celebrou este marco com uma cerimônia de lançamento em 30 de abril no auditório da ACP, que contou com a presença do presidente da casa, Gilberto Deggerone.
Este lançamento literário resgata a trajetória de Maria José Correia, nascida em 19 de abril de 1853, em Paranaguá. Em um Paraná do século XIX, marcado por transformações econômicas e sociais, a Baronesa do Serro Azul emergiu como uma figura feminina de destaque. Ao lado de seu esposo, Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, ela administrou as extensas propriedades da família desempenhando um papel importante nas decisões estratégicas da empresa.
Em uma época com pouca participação feminina no mundo dos negócios, a Baronesa desafiou as convenções. Sua visão perspicaz para as oportunidades de mercado, sua ativa participação nas negociações e sua capacidade de inovação impulsionaram a Companhia Mate Laranjeira a se tornar uma das maiores do setor, gerando desenvolvimento e empregos na região. Sua atuação abrangia desde a produção até o bem-estar dos colaboradores, demonstrando um pensamento avançado para o período.

Após a trágica morte do Barão do Serro Azul em 1894, durante a Revolução Federalista, Maria José assumiu a liderança dos negócios da família com ainda mais vigor, demonstrando uma resiliência e uma capacidade de gestão admiráveis em um período conturbado. Sua atuação à frente da Companhia Mate Laranjeira manteve a empresa em um patamar de destaque, garantindo a continuidade dos empregos e da economia local. Maria José também foi benfeitora da Santa Casa de Curitiba e fez doações significativas a outras instituições hospitalares, como o Hospício Nossa Senhora da Luz, e à Sociedade Portuguesa 1º de Dezembro.
A história da Baronesa do Serro Azul ressoa profundamente com o empreendedorismo feminino contemporâneo no Paraná. Sua trajetória pioneira, marcada pela inteligência nos negócios, pela capacidade de liderança e pela superação de desafios em um ambiente predominantemente masculino, serve de inspiração para as mulheres que hoje buscam seus próprios caminhos no mundo empresarial. Ela nos lembra que o empreendedorismo feminino não é um fenômeno recente, mas sim uma força que, mesmo em contextos históricos adversos, sempre encontrou formas de florescer e contribuir para o desenvolvimento econômico e social. A Baronesa do Serro Azul pavimentou um caminho, demonstrando que a visão, a determinação e a capacidade de gestão não conhecem gênero.
Para aqueles que desejam se aprofundar no contexto histórico em que viveu a Baronesa do Serro Azul e os desafios da época, recomendo assistir ao filme “O Preço da Paz”, disponível no YouTube (O Preço da Paz) e fazer a leitura do livro “Maria José Correia, a Baronesa do Serro Azul”
