“Hospital da Alma”, bar perto de cemitério tem gata no balcão e batida perfeita em Curitiba

A gata mel no balcão do Bar do Lucca. Foto: Gustavo Marques/Tribuna do Paraná

O “hospital de alma”, um bar de amigos em que o balcão se transforma no camarote da alegria e da curtição. Um boteco sem identificação na fachada e cercado pela natureza, próximo a um cemitério famoso nas imediações do Parque Barigui. O Bar do Lucca, no bairro Cascatinha, em Curitiba, é uma verdadeira sala de estar da vida na qual todos são bem-vindos.

O Bar do Lucca, está localizado na Rua Nicolau José Gravina, um prolongamento do Cemitério Iguaçu, na verdejante região do Cascatinha. Historicamente, o local tem relação com Santa Felicidade e ao Rio Cascatinha, que deu nome ao bairro, e a pequena cascata do Restaurante Cascatinha, fundado em 1949. Italianos e poloneses foram fundamentais para o crescimento de uma área internacionalmente conhecida pela gastronomia, agricultura e até na arquitetura.

No comando do boteco está o polivalente Nelson Luiz Gapski, 66 anos, nascido em Santa Felicidade. Antes de assumir o balcão em 1997, trabalhou como servente de pedreiro, lataria e pintura, e açougueiro. Essa última teve participação do pai que trabalhou por anos na função de escolher a melhor carne ao cliente.

“Tenho mais quatro irmãos, o Celso, Milton, Algair e Olga. Meus avós eram poloneses e italianos, não temos preguiça de trabalhar. Eles foram lavradores, o pai açougueiro e a mãe era do lar. Não se tinha aqui perto opções de onde comprar coisas para casa, então fizemos a mercearia e o bar. Na pandemia, acabou essa parte dos alimentos, agora é mais bebida e sinuca”, recordou Nelson, o marido da Lurdes.

O lado familiar é preservado com orgulho pelo Nelson. Por isso, o nome Bar do Lucca, foi uma homenagem ao falecido sogro. “Ele ficou muito contente em vida, o terreno era dele. Infelizmente, perdi vários amigos, tenho saudades de quando fazíamos nas sextas-feiras uma costelada”, lembrou o dono do bar que ainda teve o toldo furtado há oito anos. “Quando vi, o carrinheiro estava lá embaixo da rua, desisti de ir atrás. Agora não faço outro, as pessoas já conhecem e sabem o endereço”, revelou Nelson.

Batidas da casa e gata no bar

São duas entradas no Bar do Lucca que darão de frente a uma mesa de sinuca em que os veteranos gostam de mostrar o talento aos mais jovens. A bola oito é o desejo de quem quase nem pisca direito ao tocar o taco na bola branca.  Ao lado da sinuca, mesas de madeira com cadeiras de plástico para quem acompanha o jogo ou mesmo só para quem está ali para tomar um “biricutico”.

Ao chegar no balcão, o móvel que é o “hospital da alma”, é impossível não sentir a magia botequeira. Risadas, contos, histórias de pesca, irmandade e muito fidelidade estão ali expostos como qualquer garrafa de pinga ou batida caseira.

Aliás, ir no Bar do Lucca, e não provar a batida cremosa de maracujá é cometer um pecado na vida. É um licor, é um creme que avança pela garganta como o ataque da seleção de 1970. “Tem um segredo nela que não conto. Faço seis litros de média por semana, a cachaça de abacaxi e a batida de maracujá”, comentou Nelson, pai da Helen e do Everton.

Uma das ajudantes do dono é a gata Mel. Rápida, atenta e esperta, ela costuma ficar alguns momentos no balcão. É bem-querida por parte da clientela que já está acostumada com pulos ou corridas em direção a rua.

Amor pelo balcão e amizade raiz

Com mais de 20 anos de boteco exercendo a nobre arte de servir, faz de Nelson uma pessoa bem-quista por todos. É comum os clientes levarem algum petisco ou mesmo um pedaço de carne para colocar na churrasqueira que fica do lado do bar para confraternizar. Na visita do Caçador, do nada, apareceu um chouriço ou morcilla. Rapidamente apareceu uma faca, um limão-rosa, e o distribuição começou no balcão.

“Eu sinto falta quando paro, é um grupo muito unido, pescamos juntos e ouvimos boas histórias. É entre amigos, é uma boa amizade”, valorizou o proprietário.

Bar do Lucca

Endereço: Rua Nicolau José Gravina, 1129 – Cascatinha, Curitiba.

Horário de atendimento: segunda a sábado das 10h às 22h.

Quer sugerir um bar?

Faça igual ao Rafael Sbrissia, coxa-branca da turma do Fosso do Couto Pereira, que sugeriu o Bar do Lucca. Envie sua dica para o Instagram do Caçador de Boteco.

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