No bairro Ahú, em Curitiba, escondido no alto de uma escada dentro de uma pequena vila, está o Empório Gwenta Conservas. Para chegar, basta seguir a fumaça que anuncia o lindo trabalho de Luiz Gustavo Ribas de Oliveira, o Guti. Advogado de formação, cozinheiro de longa estrada e hoje mestre das conservas.
Localizado na Rua Tomazina, dentro de um centro comercial, a Gwenta Conservas, é o resultado de um profissional que decidiu deixar de lado o glamour das grandes cozinhas internacionais para ter liberdade profissional e pessoal. Com a experiência de mais de 20 anos e com passagens em hotéis, bares e restaurantes renomados, Guti dá aula de conhecimento.
Dentro de um espaço com 20 metros quadrados, a magia da gastronomia é colocada em prova. Com uma decoração simples formada por pratos nas paredes, balcão, eletrodomésticos e muitos potes com temperos, o local tem o aroma de boa comida e ótimo astral para uma resenha direto com o amigo freguês.
“Eu cansei da noite. Foram oito anos de La Boca, um bar cheio de mistura. Vendi, veio a pandemia da Covi-19, e comecei a cozinhar em casa. Vi que dava para levar a conserva a sério. Daí nasceu a Gwenta”, contou Guti, enquanto temperava um curry de fígado, prato que virou o campeão de vendas da casa.
O cardápio é enxuto e certeiro: croqueta de peixe defumado, rollmops de sardinha com sementes de mostarda e coentro, mix de picles, linguiça e manjubinha defumada, sem esquecer das empanadas. Tudo feito na hora, à vista do freguês. “É mais casual, mais verdadeiro. As pessoas gostam de ver que faço tudo, desde o lavar de um prato ao preparo, e quando atrasa um pedido, entende com facilidade”, brincou o cozinheiro.



Fermentação selvagem
Na Gwenta, conserva é sinônimo de tempo e paciência. O processo é trabalhoso e segundo Guti, o local no Ahú auxilia no trato devido à proximidade de outros comércios. “Aqui favorece, tem uma loja de massa, cerveja e padaria. Eu trabalho com fermentação selvagem, com as leveduras que já estão no ar. É tentativa e erro, mas é isso que dá sabor de verdade”, explicou o curitibano nascido na Vila Guaíra, e depois morador no boêmio bairro do São Francisco.
Esse carinho por Curitiba, fez Guti retornar para casa após rodar por vários países. Morou na Inglaterra, Nova Zelândia, Malásia e Tailândia, passou pelo Club Méditerranée no Rio de Janeiro, foi instrutor do Senac em Curitiba e até estagiou com Alex Atala, chef brasileiro mais influente e premiado do Mundo.
Mas é no Ahú que ele parece mais inteiro. “Aqui eu mando no meu tempo. É puxado, mas é liberdade. E quando o freguês sobe a escada e diz que valeu a pena, já fez sentido”, desabafou
De terça a sábado, sempre no fim da tarde, a pequena cozinha abre suas portas. Entre fumaça, conserva e conversa, o esconderijo do Guti já é um dos segredos mais bem guardados do bairro. “Muitos do ramo comentam que gostariam de mudar, reduzir o ritmo. Tive várias experiências, e penso que aqui eu consigo fazer mais, entregar melhor. É uma proposta diferente, e volto para casa com o dever cumprido”, completou o esposo da Angélica, e o pai do Alexandre.





Potes de conservas para levar embora
Em um dos cantos da Gwenta, os potes de conservas aparecem em diferentes versões que podem ser comprados. Tem a tradicional batatinha, perfeita para acompanhar com uma cervejinha, azeitonas, cebolinhas, cenouras, e o famoso escabeche de berinjela. São combinações simples, mas que falam muito sobre tradição, cuidado e sabor. Não Gwenta, tome leite!



Gwenta Conservas
Endereço: Rua Tomazina, 345 – sala 7 – Ahú, Curitiba.
Horário de funcionamento: terça a sábado das 16h às 20h30; sexta até 21h30.
Instagram: gwenta_conservas
Quer sugerir um bar?
Faça igual ao Rodrigo Brudzinski, apreciador da Gwenta e de botecos. Envie sua sugestão para o Instagram do Caçador de Boteco. Siga lá!
*Preços registrados pelo Caçador de Boteco em setembro de 2025.
