Descubra o Molezão, o bar mais “simprão” no Fazendinha

Um boteco em que a vida passa devagar. No Molezão, o bar mais “simprão” de Curitiba, localizado no bairro Fazendinha, mistura futebol amador, música raiz com dupla experiente, comida de verdade e gente de coração aberto para a felicidade. É a verdadeira união do brasileiro em que a alegria e a simplicidade se abraçam diante da melodia e da vibração de um ambiente coberto de paz.

Situado na Rua Jorge Felipe Daher Filho, esquina com a Carlos Klemetz, o bar Molezão, com quase 30 anos de fundação, é daqueles botecos que faz refletir sobre a vida. Sim, pode-se dizer com tranquilidade, o bar é um divã. Só para ter uma noção, a dupla que canta, ou melhor, dá shows aos sábados, somada à idade dos dois, são 169 anos.

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No comando do Molezão, está o polivalente Salvinir Costa, o Salvinho. Nascido em Nova Cantu, interior do Paraná, Salvinho cresceu colhendo algodão e vivendo na roça ao lado dos pais Edmundo e Maria Costa e dos sete irmãos. O sonho de morar na capital fazia parte dos planos, e a convite do Leônidas, o Léo, um dos “manos”, em 1993, desembarcou em Curitiba.

“Tinha 14 anos, éramos da roça. Catávamos algodão, a vida era simples, mas feliz. Cheguei em Curitiba, estudei, trabalhei em mercado, e sempre procurando algo melhor. Até que surgiu a oportunidade de um bar. Decidimos ficar com ele, e assim nasceu o Molezão. O nome do bar veio de uma brincadeira, o time de futebol do Léo era tão bom que falavam, não é moleza, é molezão, e o apelido pegou”, recordou Salvinho.

Esse lado futebolístico é visto em vários cantos do bar. São adesivos, reportagens publicadas em jornais, e até a camisa do time exposta em uma das paredes. Infelizmente, o material esportivo é uma das lembranças do irmão Leo, que faleceu há dois anos. Apesar da saudade, o carinho e a amor são eternos, e o legado permaneceu, mantendo a sequência do bar que o irmão ajudou a fundar.”“É um retorno ao passado todo dia, eu falo pra minha esposa, adoro estar aqui, é a simplicidade, sabia? É o jeito simprão, é pura homenagem a família e as nossas raízes”, comentou Salvinho, esposo da Cristina, e pai do Edmundo.

Música boa e alegria

No bar Molezão, as mesas ficam em um deck de madeira com duas entradas para a diversão. No lado direito, o espaço com potes de conservas, doces, pacotes de pururuca e baleiros. À esquerda, freezers com cerveja estupidamente gelada, balcão com as iguarias de boteco como rollmops, anchovinha e prateleiras com o gole quente. Aliás, quem ajuda a servir é o Santista, um especialista em fazer uma boa dose de caipirinha.

Aos sábados, a diversão avança fronteiras com música boa e comida de verdade. No ritmo musical, a dupla Jairo e Jura, 89 e 80 anos, respectivamente, tem um entrosamento de mais de 40 anos nos palcos. Jairo fica no violão e na voz, e Jura com o pandeiro. São centenas de músicas tocadas, sem papel ou outro tipo de cola. É pura memória e emoção. “Eu desde criança, canto e brinco, né? São músicas antigas, canções de muitos anos. Teve um sábado que cantei 100 músicas”, comentou Jairo, que foi caminhoneiro e levava o violão por todo o Brasil.

Ao ouvir o som da dupla, os clientes se surpreendem a cada música. É o espírito botequeiro que aflora com as cordas e o pandeiro. No gogó do Jairo, é impossível ficar parado com as melodias, os chamados hinos de boteco como Boate Azul, Dama de Vermelho, Estrada da Vida, No Dia Que Eu Saí de Casa” e tantas outras modas épicas da música raiz.

“Tive um problema de depressão, muitos amigos morreram. Estava em casa, e o Jairo me tirou. Digo que o pandeiro faz parte da minha vida, aprendi numa caixa de fósforo. É caso de amor”, desabafou Jura.

Comida de verdade

No Molezão, a comida fica a cargo da Cristina. Com mãos especiais para a boa alimentação, a esposa do Salvinho, capricha na hora de cozinhar. Seja em porções tradicionais ou mesmo nos finais de semana, o freguês não tem o que reclamar. No sábado, dia da música, uma panelada é preparada em agradecimento aos clientes.

No cardápio, moela, mocotó, dobradinha, quirera, frango com polenta, tropeiro, torresmo e muito mais. “A esposa que define durante a semana.  Servimos do jeito mais simples, as pessoas se servem à vontade. O pagamento e valor dependem de cada um, não é obrigatório”, comentou Salvinho que ainda promove uma grande festa de doação de brinquedos para crianças no dia 12 de outubro.

Estar no Molezão é viver daquilo que somos de verdade. É retomar a origem, é abraçar o conhecido e brindar com copo gelado sorrindo. “O Molezão, o bar simprão de Curitiba, representa demais. Envolve tudo, eu já pensei em parar, mas não consegui.  Eu conquistei a amizade, tudo o que eu quis, é uma maravilha. É tradição”, completou Salvinho, o meia-esquerda do Molezão Esporte Clube.

Bar Molezão

Endereço: Rua Jorge Felipe Daher Filho, 19, Fazendinha, Curitiba.

Horário de Funcionamento: terça a sábado das 10h às 13h, e retorna 16h30 às 23h; aos domingos das 10h às 21 horas.

Instagram: salvinho_molezao

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