Bar em prédio histórico de Curitiba encanta clientes em famosa esquina

Bar do Pilim em um imóvel antigo de Curitiba. Foto: Gustavo Marques/Curitiba.

Um boteco de verdade em um imóvel com quase 100 anos em Curitiba. Na esquina da Brigadeiro Franco com a Saldanha Marinho, um prédio cinzento que foi mercearia e pensão, virou reduto botequeiro dos bons. O Bar do Pilim com apenas seis meses de vida encanta pela simplicidade de paredes descascadas, piso vermelho, infusão de cachaças, bons petiscos e itens clássicos de comércios que transportam o cliente para outras décadas.

O Bar do Pilim está localizado no Centro, na movimentada Rua Brigadeiro Franco, entre veículos e pedestres apressados, o boteco com seus guarda-sóis vermelhos e uma luminária estilizada vêm chamando a atenção. Ao lado do Chinchu Bar e Parrilla, o Pilim chegou para cravar o seu espaço no guia boteco curitibano. Com uma pegada bem caseira, apostando na amizade e na própria lenda do local, o sucesso entre a clientela faz todo o sentido.

Os responsáveis por transformar o local abandonado em um boteco raiz são o André Felipe Mendes, natural de São Luís, capital do Maranhão, e o Afro Junior, cascavelense. A dupla comanda o Chinchu e percebeu que no imóvel vizinho poderia dar samba.

“É um espaço histórico na cidade com mais de 90 anos. A ideia do Afro, era ter também um boteco ao lado do Chinchu, mas deixamos o projeto na gaveta. Certo tempo depois, os proprietários do prédio informaram que estariam dispostos a alugar tudo, e a prioridade era nossa por estar aqui. Com essa possibilidade, começamos a imaginar o estilo do bar”, disse Felipe.

Ao avançar nas negociações para ter todo o prédio a disposição, a história do imóvel com um pouco mais de 90 anos foi aos poucos sendo descoberta juntamente com os azulejos tchecos.

“Iniciou como uma grande casa com quatro famílias, mercearia, pensão com quartos com dois metros quadrados. Quando pegamos aqui, cada cômodo tinha uma cor, era uma bagunça. O legal que o projeto consistia em ser algo antigo, chão vermelho e paredes descascadas. Dizemos que o bar tem cara de velho, mas temos seis meses. Muitos falam que passaram aqui na Brigadeiro por anos, e nunca tinham reparado a estética de tudo. Agora falam que é estilo um portal que transporta para outras décadas”, reforçou Felipe.   

Quanto ao nome, a homenagem ao Zé Pilintra, também conhecido como Seu Zé. É uma entidade espiritual muito popular nas religiões afro-brasileiras, especialmente na Umbanda. Ele é considerado um mestre, um malandro, um guia espiritual frequentemente associado a malandragem e a boemia.

“O Afro passou aqui na frente de noite, e percebeu que tinha uma pintura na parede da rua do Zé Pilintra, ou seja, ele já estava aqui. A partir disso, cravamos o nome e a nossa identidade”, avisou Felipe.

Alegria, jaleco e sinuca

Estar no Pilim é dar voz ao prazer de sentar próximo ao grande balcão e presenciar a alegria dos colaboradores. Um dos destaques é a Selma, uma mulher experiente em boteco que coloca literalmente a mão na massa para fazer os petiscos. “Adoro isso, é muito bom estar nesse ambiente de alegria. Danço, brinco e ainda recebo por isso”, brincou Selma que ainda tem a companhia no trabalho do Kleiton, Ketlyn, Bruna, Lucas e da Lethicia.

São vários ambientes e vai ainda aumentar consideravelmente o tamanho do Pilim. Atualmente, são duas áreas externas, o salão principal que tem o balcão e ainda a área da sinuca. Vale destacar que nesse cômodo esportivo a decoração é prá lá de especial com quadros antigos. “É o lugar que eu mais gosto, pois foi o que eu menos visualizei. Batemos muita cabeça para colocar lá dentro a mesa. Ali remete ao tempo antigo com quadros, caixa de luz desativada e encanamento de ferro”, salientou Felipe, que veio para Curitiba terminar uma formação de dança de salão e acabou no boteco.

“Peguei gosto pela coisa. Começo foi até uma brincadeira, mas vi a importância de estar atento ao mercado. Hoje, posso dizer que sou empresário de duas empresas, e acredito que as pessoas estão gostando. Admito que foi um choque de realidade, foi preciso ter muito jogo de cintura”, brincou o nordestino.

A valorização do passado com antigas placas de marcas é facilmente percebida pelos clientes. O jaleco branco da Brahma utilizado por alguns funcionários dá um charme todo diferente ao Pilim como também o letreiro de plástico exposto na parede informando o cardápio que conta com vaca atolada, língua ao molho, moela e escabeche de rosbife. É para chuchar com gosto!.

Boteco é cultura

Com o astral botequeiro em que a risada predomina, o Bar do Pilim, também é resultado de pesquisa dos donos e dos próprios colaboradores. É comum ver o Lucas fazendo infusão de cachaça com folha de cataia ou pequi. “O Afro viajou para vários lugares para verificar o que a turma está comendo e bebendo para replicar aqui. Curitiba tem muita coisa bacana, e digo que estou vivendo um sonho que não sabia que existia. O Pilim eu vi nascer, e ele nem engatinha. É um bebê que amo”, desabafou Felipe.

Um boteco de verdade, um antigo com cara de novo. É o bar do Pilim, que movimenta o ramo com ideias novas sem perder no tempo a essência daquilo que mais gostamos nos bares, o espaço para todos.

Bar do Pilim

Endereço: Rua Brigadeiro Franco, 1227, Centro, Curitiba.

Horário de Funcionamento: quarta a sábado das 12h à 00h00;

Domingo das 12h às 18h

Instagram: bardopilim

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