Bar e Mercearia Florestal está na 4ª geração: mais de 70 anos de tradição em Curitiba

Pedro, Lúcia e Azemir no Bar e Mercearia Florestal. Foto: Gustavo Marques.

Um lugar mágico, um recanto de gerações que segue fazendo história em prol do comércio familiar. O Bar e Mercearia Florestal, no bairro Bacacheri, em Curitiba, mantém a raiz intacta de 74 anos com os mesmos princípios da fundação em que a amizade e o bom astral prevalecem diante de um cenário do século passado.

Localizado na movimentada Fagundes Varela, via importante de divisa entre os bairros Bacacheri e Jardim Social, o Bar e Mercearia Florestal, o imóvel avermelhado e atualmente sem o toldo, transforma o ponto em algo meio “secreto”, é uma espécie de sede para quem aprecia um bom amargo em copo de cachaça.

A administração desse templo botequeiro cabe ao Azemir de Barros Teixeira, o “Coxinha”. Aos 68 anos, o filho do Pedro e da Lúcia, mantém os passos dos pais que assumiram o negócio quando na época o bairro tinha outro nome. “Era Vila Florestal, por isso esse nome do bar. Depois veio Jardim Social, e atualmente Bacacheri. O primeiro dono foi meu tio, o Lício de Barros, e avançou para os meus pais. Eu nunca saí do meu trabalho, moramos no fundo até hoje, e só trabalhei aqui”, valorizou Coxinha, apelido de infância que se refere ao Coritiba, time do coração.

A relação do Bar e Mercearia Florestal com a comunidade segue intensa. Grande parte da clientela é da região e muitos fazem questão de manter o contato com os integrantes da família Barros Teixeira, perguntando ao dono sobre a mãe de 93 anos e o filho de 15. Aliás, Dona Lúcia, mesmo com dificuldades de locomoção, é exemplo de dedicação ao comércio.

“Eu cheguei aqui com 20 anos, e estou aqui até agora. A gente não tinha nada, trabalhamos muito e conseguimos. Minhas pernas não aguentam mais, o filho cuida muito bem do bar. Fico muito orgulhosa”, comentou a mãe do Azemir, e vó do Pedro, o adolescente que também já auxilia o pai no balcão antigo calejado de cotovelos e marcas de copos.

Chinelo, cola e faixa azul

Com um pequeno espaço interno com no máximo 30 metros quadrados, o “Couto Pereira do gole” tem o mesmo calor humano que o estádio alviverde em dia de vitória Coxa. A partir das 18 horas em dias úteis, os clientes começam a aparecer e lotam facilmente o setor. São poucas mesas diante de um cenário que parece de um armazém antigo.

“Na época dos meus pais, a gente matava porco, e vendia muita lenha. Vendia-se mais de três caminhões de lenha por semana, fora o salame, leite, pão, queijo e banha. Hoje, a clientela tem muita opção de compra, e acaba procurando outros estabelecimentos. Só aqui na rua tem dois açougues”, disse Azemir, que mantém a venda de artigos de limpeza, bolachas, macarrão, farinha de trigo, molho de ovos, enlatados e conservas.

Aliás, no Bar e Mercearia Florestal, o freguês pode ir embora com um chinelo novo ou mesmo dar um jeito no calçado furado com a famosa cola que gruda até os dedos. “O chinelo vendeu quase tudo, tá difícil arrumar numeração maior. Eu e minha falecida irmã Sueli, vendíamos sorvete na década de 1970. Tenho até o freezer da Kibon”, apontou Azemir para o equipamento marrom que serve hoje em dia para apoiar copos e garrafas de cervejas. Ah, vale aqui citar que praticamente 100% das vendas da “loira gelada” são da Antártica, a famosa Faixa Azul, por R$ 10.

“Aqui é a minha vida”

Ao lado da mãe e do filho, Azemir é bom papo. Ficar no balcão com ele é estar perto das notícias esportivas e mesmo das fofocas dos amigos que costumam realizar um encontro a cada quinze dias na churrasqueira da casa/bar. “É amizade pura, fazemos a confraternização dos amigos. Cada um acaba trazendo um negocinho, e assim vai. Digo que durmo o trabalho, aqui é a minha vida, perdi amigos que fazem falta, outros que se mudaram também. Bacana que tem gerações que ainda aparecem para fazer visita para a mãe. Meus pais ajudaram muita gente na região”, reforçou o torcedor do Coritiba.

Um boteco de alma e essência raiz, raridade em tempos em que mercearias estão acabando ou mudando de estilo. Como diria o saudoso e eterno locutor esportivo Lombardi Júnior nas transmissões da Rádio Clube, a B2, a cada gol coxa no Couto Pereira, “estremece esse gigante de concreto armado”, vida longa ao Florestal.

“Uma pena que acabou o São Clemente e o Zequinão. Eu quero manter a tradição, e vou manter assim. Estamos chegando na quarta geração, converso muito com o Pedro, acho que ele vai permanecer aqui. Quando eu faltar, meu filho poderá mudar o estilo, torço que não”, completou Azemir.

Bar e Mercearia Florestal

Endereço: Rua Fagundes Varela, 1094 – Bacacheri, Curitiba.

Horário de funcionamento: segunda à sexta, das 8 horas até 20 horas; sábado das 8 horas até 14 horas.

Quer sugerir um bar?

Envie sua sugestão para o Instagram do Caçador de Boteco. Siga lá!

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo
O conteúdo do comentário é de responsabilidade do autor da mensagem. Ao comentar na Tribuna você aceita automaticamente as Política de Privacidade e Termos de Uso da Tribuna e da Plataforma Facebook. Os usuários também podem denunciar comentários que desrespeitem os termos de uso usando as ferramentas da plataforma Facebook.