Ver o longa “12 Anos de escravidão” ganhar o Oscar de Melhor Filme é um acerto de contas com a história norte-americana e também com a própria premiação, que no ano passado desbancou o genial “Django livre”, de Quentin Tarantino, que trata de tema semelhante, para oferecer os louros ao mediano “Argo”, de Ben Affleck.

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Neste ano, um clássico do cinema, que completa 75 anos, também foi retirado das páginas de um livro. “O Mágico de Oz” (1939), dirigido por Victor Fleming (1889 – 1949), foi inspirado no livro de L. Frank Baum (1856 – 1919), publicado originalmente em 1900 e ganharia o mundo graças ao longa-metragem.  Quando ao concorreu ao Oscar de Melhor Filme, em 1940, acabou perdendo o prêmio para “E O vento levou”, também de Victor Fleming e inspirado no livro homônimo de Margaret Mitchell (1900 – 1949), no entanto, a produção conseguiu levar para casa Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original, com “Over the rainbow”.

A iniciativa de criar a história de Dorothy Gale, que acaba indo parar na Terra de Oz depois de tentar se proteger de um tufão, surgiu das críticas sofridas pelas histórias infantis, que à época continham cenas de violência e uma moral escrupulosa e moldada dentro dos padrões religiosos vigentes. (Enga-se quem acha os contos da Chapeuzinho Vermelho ou João e Maria são tão bonitos e inocentes quanto parecem). Baum resolveu então criar sua própria história infantil, usando os artifícios da fantasia para compor o enredo.

O sucesso estrondoso da obra reverberou mesmo após a morte do autor, que passou a ser contada em uma série de 19 livros, escritos por Ruth Plumly Thompson (1891 – 1976). No entanto, há quem diga que o clássico infantil também não é só uma “história” e sim uma alegoria para o Partido Populista dos Estados Unidos. Para o historiador norte-americano Henry M. Littlefield (1933 – 2000), o primeiro a levantar a questão, cada personagem se refere a uma esfera da sociedade americana.

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O Espantalho representaria os camponeses dos EUA, que são vistos como ignorantes pela elite. Já o Homem-de-lata faria o papel do trabalhador das indústrias, ou seja, um homem que precisa lutar pelo pão e, por isso, não tem mais sentimentos, preocupando-se apenas com o sustento e a sobrevivência. O exército de macacos seria uma alusão aos índios norte-americanos. O Partido Populista estaria representado na figura do leão que, apesar de sua força, é covarde.

Sendo ou não uma alegoria polícia, com alguns traços religiosos, “O Mágico de Oz” é ainda hoje um dos maiores clássicos da literatura e do cinema.

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