A fusão da Penguin Random House, braço americano da Penguin e dona de 49% da Companhia das Letras, com a Santillana, responsável pela Objetiva no Brasil, é a prova cabal de duas coisas. A primeira, que é extremamente positiva, é de que o mercado editorial vai “muito bem, obrigado” por aqui; já a segunda, é preocupante: cada vez mais, os grandes grupos têm tomado conta das boas editoras em desenvolvimento no país, limando a autenticidade delas, como o caso da Companhia das Letras, que, desde que se juntou aos ingleses, teve sua “diretoria editorial” transformada em “gestão de negócios”.

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Não nego que as editoras devem dar lucro, ser rentáveis, mas por que perder aquele “diferencial”, aquilo que tinham de melhor? A Companhia das Letras, até ter quase metade de si vendida, nunca publicou um livro sequer de entretenimento como os de Sylvia Day que têm saído pela Paralela, outro selo dela. O que se vê é que, pouco a pouco, as melhores editoras têm caído nas mãos de organizações que não possuem o mesmo carinho e apego pelo livro e, claro, por dois elementos fundamentais nessa cadeia: o autor e o leitor. O que quero dizer é que o único interesse é o lucro puro e simples, não interessando se aquilo que é publicado é mais do mesmo ou uma obra de vanguarda.

Concorrência

Bons livros no Brasil nunca foram baratos e, pelo virar da página, não serão tão cedo. Responda rápido: quais são as grandes editoras brasileiras que concorriam no seguimento de alta literatura? Cosac Naify, Companhia das Letras e Alfaguara. Agora podemos resumir como Cosac, que ainda permanece incólume, e a Penguin Random House Brasil, já que a Alfaguara pertence à Santillana, que é dona da Objetiva e que foi adquirida pela Penguin. Ainda é muito cedo para dizer ao certo tudo o que vai acontecer, mas não vejo horizontes muito ensolarados. Pessimista? Não, não. Basta ver que o mesmo aconteceu no mercado fonográfico e perceber os heróis da geração atual.

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