Um Furacão previsível

Bruno Guimarães é um dos destaques do Furacão. Foto: Xandy Rodrigues/Estadão Conteúdo

Em Fortaleza, contra o Fortaleza, em noventa minutos, o Athletico jogou duas partidas: a primeira, a mais importante, não precisava obrigatoriamente ganhar, mas não podia perder. E empatou em 0x0. A segunda, exigia-lhe a imposição da sua superioridade pela marca de campeão da Sul-Americana e classificado na Libertadores. Obrigação, aliás, que se tornou maior, na medida em que, jogando com o seu time de ponta, enfrentou um Fortaleza desinteressado na Copa do Brasil, baseado em reservas. E, neste jogo, fracassou: mais uma vez, não ganhou fora da Baixada.

No primeiro jogo, aquele que interessava, mesmo com um resultado que lhe mantém favorito na disputa com o Fortaleza, o mínimo que se esperava era não perder. Mas o Athletico já não pode ser mais ser tratado com mimos só em razão do resultado. O custo de seu prestígio é submeter-se às exigências de um time capaz de impor-se a adversários que lhe são inferiores.

O jogo que obriga a análise a se afastar do resultado é o que ele tinha obrigação de ganhar e não ganhou. E, em Fortaleza, escancarou-se um grave problema: o Furacão tornou-se um time previsível. Quando joga sob a pressão do ambiente da Baixada, ou do adversário que lhe é superior, reage muito pela superação emocional e pouco por sua qualidade. Em regra, o seu jogo é só agradável na aparência, porque na pratica é raso, sem nenhuma profundidade. Às vezes, lembra o melancólico Furacão de Diniz com o domínio da bola, do campo, mas uma incrível dificuldade para finalizar.

E não se culpe o treinador Tiago Nunes. Quando não há superação, exige-se qualidade. E a qualidade está limitada a Léo Pereira, Renan Lodi, Bruno Guimarães, Nikão e Lucho González que, definitivamente, está a meio-pau.

Quando é necessário improvisar, como Erick na lateral direita, manter esperança de solução ofensiva em Roni e ter que recorrer aos fracos Cittadini e Brain Romero (coisinha triste), o time torna-se mecânico, que significa previsível. Isso sem considerar que tinha Bambu para a reserva da zaga, Tomás Andrade para a do meio, e Marcelo Cirino, para a do ataque.

Irá passar o Fortaleza, sem dúvida.

Depois, o mínimo exigirá bem mais.