Tirania

Os gregos inventaram a tragédia e nós a adotamos para arruinar as nossas vida. Vivendo em pânico e em sobressaltos, parece que perdemos a confiança em tudo. O desastre de Medellín, que matou aquele que já tinha se transformado num filho adotivo de todos os brasileiros, enquanto torcedores, o time da Chapecoense, não foi um simples desastre. Foi a confluência de vários fatores que atuaram sob a tirania do acaso, na expressão do notável Hélio Schwartzman, do jornal Folha de São Paulo.

Então, por devastar vidas, sonhos, esperanças, e destroçar sentimentos, foi uma tragédia. E sempre que uma tragédia como essa acontece, que nos imobiliza, muitos recorrem ao humanismo de Voltaire, que perplexo diante do terremoto de Lisboa de 1755, questionou: “como é possível que Deus tenha permitido semelhante barbaridade?” Mas, imediatamente afastando-se do fanatismo e da intolerância, respondeu a si próprio: “Deus não deve sofrer as consequências”.

Não podemos fazer nada, porque em momentos como esses, não há o imperativo da razão. Por isso é preciso voltar a Hélio Schwartzman: “Nós odiamos o acaso, mas é ele que rege o universo”.

Justiça técnica

O Atlético Nacional de Medellin insiste no mais belo gesto de solidariedade esportiva dos últimos tempos: quer que a Conmebol antecipe a decisão do seu pedido, e declare a Chapecoense como campeã da Copa Sul-Americana. Não há estatuto, regulamento ou qualquer outra formalidade que seja insensível à essa solidariedade. Embora possa criar aparência de uma homenagem póstuma, a declaração de campeão lhe fará justiça técnica, pois chegou à final em condições de ganhar o título.

Segredo

A política do Atlético de isolar, evitou que o público tivesse um contado direto com o ítalo-brasileiro Altafini Mazzola, limitando ao seu site a sua visita ao CT do Caju.

A história de Mazzola não depende de geração: é um pouco da história do próprio futebol. Depois do Palmeiras e Seleção Brasileira (campeão em 58) foi jogar no Milan e Seleção Italiana. Ao dar uma mensagem afirmou exaltando o CT do Caju como “uma das coisas mais belas que viu na vida”, disse:

Quero dizer que o presidente do Atlético não é do hoje, mas do amanhã”.

A quem ele se referiu: ao doutor Emed ou ao doutor Petraglia?