O caso Rony

Foto: Albari Rosa/Foto Digital

O leigo não está obrigado a saber, mas entre os princípios dos contratos está o da sua força obrigatória. Foi dele que surgiu o dito popular de que “contrato é para se cumprir”. No Athletico de Petraglia esse princípio é flexível, adotando um outro: contrato só pode ser cumprido depois de discutido.

E como o clube, em razão da sua natureza jurídica, tem os direitos sobre o vínculo do jogador, exerce a sua supremacia como contratante. As cláusulas, muitas delas duvidosas, nessa espécie de contrato, são interpretadas não pelo Direito, mas pelo interesse do cartola atleticano.

Não conheço o contrato paralelo ao esportivo entre Rony e o Athletico. Mas não deve ser diferente de outros que acabaram sendo causa na Justiça do Trabalho e na FIFA, onde o Furacão vem perdendo questões.

Entendo que o menor dos problemas do caso é a partilha dos direitos, pois o contrato está em vigor. O maior dos problemas é a irresponsabilidade dos dois: do Athletico e dos empresários do jogador, que estão em conflito por direitos que ainda precisam ser consolidados por uma decisão na FIFA e na Corte Arbitral do Esporte.

Ambos os lados desprezam o fato de que o contrato de Rony com o Athlético está sustentado por uma liminar que os dois conseguiram na FIFA contra o Albirex, clube japonês. É regra da FIFA: libera o atleta e deixa para resolver a causa em perdas e danos. E são poucas as exceções de benefícios para quem usa esse expediente para ter o jogador.

Como Petraglia entende ser o senhor de tudo, inclusive da Justiça e do Direito, a iniciativa de solução tem que ser de Rony. Ficar no Athletico até que sobrevenha a decisão da FIFA, o que deve ocorrer até o final do ano, vai diminuir o seu risco de ser suspenso e ter que dividir a conta de R$ 40 milhões que os japoneses estão pedindo. Palmeiras, Corinthians ou qualquer outro clube não lhe serão solidários moralmente. Só o Furacão, por questão legal e de processo, terá interesse em protegê-lo, porque os seus interesses são os mesmos.

De primeira

Nem bem começou o ano e o lateral esquerdo Adriano, que ganha R$ 250 mil mês no Athletico, já está fora por contusão no tornozelo. É só para lembrar.