Opinião

Petraglia manda e a bola rola

Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta do Povo.

No Brasil, pela submissão da ciência à política, da proteção da vida aos interesses comerciais, com pesar, afirmamos uma triste verdade: no alto da pandemia, a volta do futebol passa a ser o menor dos problemas. 

Por coerência, adota a posição anterior à quarentena do governador Ratinho: as relações internas de um clube de futebol e de um jogo sem público oferecem menos perigo de disseminação do vírus nas concentrações populares do Largo da Ordem e do Batel. Das quebradas de Cascavel às de Ponta Grossa. 

Esse fato não torna menos perigosa a volta do futebol paranaense. O perigo é escancarado, na medida, em que o clube exemplar, o Athletico, foi o recordista em contaminados. 

Já escrevi que a insistência da volta do Estadual prova o estágio de indigência financeira que está o futebol paranaense. Troca-se a proteção à saúde e a vida, por um ganho de 50 moedas da televisão. Mas, o que fazer, se todas as classes de profissionais de futebol submetem a saúde pessoal dos seus integrantes aos interesses dos clubes.

Sendo irrelevante o resultado técnico, sendo indiscutível a obrigação de Athletico e Coritiba jogarem a final, resta uma questão que me intriga: o que motivou Mario Celso Petraglia a ofender políticos, unir-se a Hélio Cury, contra quem há uma ação pedindo a sua destituição na Federação Paranaense de Futebol? O que motivou Mário Celso Petraglia a assumir a linha de frente para jogar o Estadual, se há 22 anos é o cartola que mais prega contra o torneio e contra as Federações?

Nada ocorre por acaso, ensina a vida. Sempre há um fato que explica o comportamento de uma pessoa. No caso de Mario Celso, o fato é esse:  independentemente de ser presidente do Athletico, é empresário de futebol. E nessa condição, já há algum tempo, vem apostando no mercado de plataforma de streaming por assinatura tendo associação com Livemode, de Edgar Diniz, ex-Esporte Interativo.

Foi a Livemode quem formalmente intermediou o contrato para o Estadual e, é ela quem foi contratada por indicação de Petraglia, para discutir acordo com a Turner. 

Essa é resposta: o Paranaense só voltará a ser jogado para atender o interesse do empresário Mario Celso Petraglia.  Do contrário, usando o Furacão, o cartola estaria pregando o valor da vida.