O tamanho do 1×0

Foto: Albari Rosa

Baixada, primeiro jogo da final da Copa do Brasil, Athletico 1×0 Internacional.

Os 40 mil atleticanos teimaram em deixar o Caldeirão. Revezando sentimentos, pareciam esperar pelo segundo gol. É quando a paixão passa dos limites e torna-se egoísmo.

As coisas no futebol não são tão simples assim. Ao contrário, em uma final de Copa do Brasil, e contra o Internacional, tornam-se complexas.

Quero dizer que a análise da vitória por 1×0 não pode ser encerrada pelo seu caráter numérico. É preciso recorrer às circunstâncias do jogo proposto pelo Inter: o time gaúcho, sem nenhuma vaidade para ser um exemplo de jogo, foi brabo, foi rústico, e por isso jogou mais com o corpo do que com a bola. Recuado, construiu um Álamo à frente da sua área. Bem por isso, exigiu do Furacão um jogo de paciência, um jogo de passes curtos e longos que alternava os lados. Um jogo sem risco de sofrer o gol, como exige uma final de Copa do Brasil.

Em suas memórias, o imortal Puskás leciona que em um jogo de iguais, o momento mais importante são os 15 minutos de intervalo.

É quando o vestiário se torna um lugar sagrado para o treinador e os jogadores pensarem uma solução para o jogo.

Não é uma afirmação figurada, mas a mais pura verdade: no intervalo, esse formidável treinador Tiago Nunes corrigiu o único defeito do time no primeiro tempo. Fez de Bruno Guimarães um ponta de lança, juntando-o a Marco Ruben, Thonny Anderson e Rony. Aos 11 minutos, Bruno Guimarães apareceu na cara do goleiro Marcelo Lomba e marcou o gol que seria o da vitória.

Dirão que o Furacão tinha todo o tempo do mundo para fazer o segundo gol. Às vezes, tempo no futebol não é tudo. O Colorado também o tinha para empatar. E foi então que o Athletico apresentou a sua grande virtude: sem ser um time de ficção, não se influenciou pela trilha emotiva dos 40 mil fanáticos. Já com Lucho González, teve a consciência de que estava jogando uma final. Não se expondo, até poderia ter marcado o segundo gol com Rony.

Dirão que no Beira Rio as coisas serão diferentes.

Serão?

Quem entrará em campo sagrando, são os gaúchos.

O volante Wellington, que não me encanta, foi o melhor em campo.