O resto de corpo e alma

Vitor salvou o Furacão. Foto: Felipe Rosa

O Barcelona, de Guardiola, projetado pela escola holandesa de Cruyff, criou um costume para o resto do mundo: ao princípio de que no futebol o que importa é só a vitória, impôs o de que primeiro se joga e depois se ganha.

Bem por isso, às vezes, embora correto, falta sensibilidade a esse princípio. No futebol brasileiro, por faltar grandes jogadores e grandes treinadores, não há nenhum um time capaz de carregar esse peso. O futebol, por aqui, em toda a sua extensão, passou a ser um esporte só de resultado.

O Athletico foi jogar com o Internacional, na Baixada, caindo pelas tabelas no Brasileiro. Com um time esfacelado por, ainda, acreditar em soluções como Bruno Nazário, Márcio Azevedo, Jonathan e Marcelo Cirino, não se poderia a ele, impor nada mais do que disciplina tática dirigida pela bússola de Tiago Nunes e uma entrega física. E, nem mesmo, contra um Inter só de reservas, seria possível exigir mais do que isso.

Tratado com todas essas reservas, então, o Furacão foi virtuoso. Bem ordenado, fez o que podia: entregando-se até exaurir-se, era para ter resolvido bem antes do final, se não insistisse com no pouco lúcido Marcelo Cirino como seu operador final de jogadas de ataque.

As coisas só mudaram no final, quando Vitor (não gosta de ser Vitinho, respeite-se), vindo do berço, fez uma jogada de craque (drible e chute de fora da área), vencendo Lomba aos 43 do segundo tempo. Athletico 1×0 Internacional.

Essa vitória valeu por afastar o Furacão da proximidade da zona de rebaixamento. Mas, serviu, também, para provar a sua regressão técnica. Para ganhar dos reservas do Inter precisou jogar com o corpo e a alma. Há pouco, precisava jogar só com a bola.

A verdade é que o Furacão está sendo vítima da absoluta falta de capacidade de apuração de valores dentro do CT do Caju. Enquanto é resumido no meio a Bruno Guimarães, e falece por falta de qualidade, Matheus Anjos e João Pedro carregam o Paraná na segunda divisão. Em prejuízo desses jovens e do Athletico, privilegia-se os medíocres Bruno Nazário, Tomas Andrade e Léo Cittadini.

Dirão que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

É verdade.

A coisa boa joga pelo Paraná.