O futebol paranaense asfixiado e Curitiba ao avesso pelo coronavírus

Um dos meus maiores pecados é o de jamais querer enganar para agradar. Nesse momento em que a COVID-19 se diverte com a flexibilização social com a qual os políticos contrariaram todas as orientações médicas, é cômodo para o jornalista afirmar que o futebol deve continuar em casa.

         Mas, desde a sua célebre e infeliz frase “eu não autorizo e nem desautorizo o comércio a funcionar”, o prefeito Rafael Greca escancarou a inépcia como gestor para comandar a crise da peste, em Curitiba. A sua natural incapacidade política para enfrentar eventos extraordinários, agravada pelas restrições acadêmicas da Secretaria de Saúde, virou Curitiba ao avesso. O resultado da linha política do “eu não autorizo e nem desautorizo” está ai: Curitiba que estava esquecida pelo vírus mortífero foi entregue de bandeja à ele. O novo decreto que volta a restringir as atividades não o torna menos culpado. 

         Greca continua com o joelho no pescoço do futebol paranaense. Não tratando o futebol como negócio (mais um erro), ao proibi-lo impede a retomada do Estadual. Estaria certo se, lá atrás, desse o mesmo tratamento a todos os segmentos de negócio. Com certeza, o futebol não teria sido responsável pela ascensão da curva. 

          O futebol tem a sua parcela de culpa. Sem um líder como referência (Hélio Cury, da FPF, é um espectador), os clubes não querendo assumirem riscos deixam a solução para o poder estatal. Não ganharam, ainda, a consciência de que esse poder, como ardil inerente à política, entende que continuar proibindo jogos de futebol,  mesmo sem público, acaba sendo uma forma de mascarar a existência de restrições sociais. Mais uma vez usa-se o futebol para fins políticos.

         Bem que um repórter poderia perguntar a Greca, se um provável Atletiba, sem público, no Couto Pereira, cumprindo todos os protocolos médicos e sanitários, decidindo o Estadual traria mais riscos de contaminação do que as aglomerações diárias provocadas em pontos de ônibus, pontos comerciais e, as noturnas, do Largo da Ordem e do Batel.

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Confiança

         E se o futebol voltar a ser jogado no Brasil?

         Depois dos alemães, foram os espanhóis que retornaram. Os dois, procurando diminuir ao máximo a monotonia de um jogo sem torcida, investiram em um ambiente virtual de imagens e sons. Um dos motivos foi imposto pelos jogadores, que proíbem a captação e transmissão do som ambiente do campo. À partir daí, as federações, clubes e televisão se encarregaram de criar imagens e sons irreais de arquibancada.

         Presumo que no Brasil isso já deve estar sendo projetado para ser executado.  E, aqui, deve ser muito mais interesse da Globo do que dos clubes. Mostrar em transmissão aberta um jogo “no seco”, o nível de audiência vai continuar igual ou pior às reprises. 

         Lembro da Baixada. Esse sistema seria mais fácil se o vermelho e preto não lhe fossem estranhos.   

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