Opinião

O futebol, o “patinho feio” da pandemia

Dorival Júnior em ação no CT. Site oficial/Athletico

A saúde pública não é mais importante só do que o futebol. É mais importante do que os parques que aglomeram, bares que atropelam, shoppings que atraem agrupamento de adolescentes e estações de ônibus que amontam pessoas. Não se tem uma única crítica a flexibilização desses segmentos, que é a responsável direta para o assanhamento do vírus nesse início de inverno.

        No entanto, quando se projeta o fim do confinamento dos jogos de futebol, há uma reação contrária, inclusive, de parte da própria imprensa esportiva. Compreendo: deixar o futebol no sofá é um amparo interesseiro em razão do seu intenso apelo social, o que ganha características de política populista.   

        Já é momento de o futebol desafiar essas posições contrárias, mostrando a repercussão econômica, financeira e social de suas atividades. E, a seu favor estão os números da ciência médica e sanitária. Os clubes brasileiros seguindo os protocolos de seus médicos, estão há um mês em centros de treinamentos. O meia Nenê, do Fluminense, contraiu o vírus fora do âmbito do clube.

         Os campeonatos na Inglaterra, Itália, Espanha e Alemanha já somam 50 jogos, e não se tem notícia, de que um único profissional contraiu o vírus durante as três horas que ficam dentro do estádio de futebol. Em razão dos números da ciência concluir o mínimo risco de disseminação nos clubes e nos jogos de futebol, é que o governo francês liberou as finais da Copa e da Liga da França com a presença de 5 mil torcedores. 

        Neste ponto, os contrários, dirão que aqui é o Brasil. Pura e maldosa negação da qualidade dos nossos médicos e orientadores sanitários. Não vamos confundi-los com os politicos. O que os profissionais de saúde fizeram pela volta do futebol lá na Europa, os nossos têm a mesma capacidade de fazer aqui. E, estão fazendo.

        O futebol tem de exigir que se rasgue a fantasia do “patinho feito” da pandemia. E, por não depender do fracassado comando estatal, pode se apresentar como exemplo de que é possível conviver com o vírus com o mínimo risco de contaminação.

        A maior torcida da Inglaterra, a do Liverpool, está comemorando o título inédito da Premier League. Quem chega no sagrado Estádio Anfield tem que, obrigatoriamente, passar pela estátua de Bil Shankly (2.9.1913 – 29.9.1981) um técnico escocês, que se tornou um dos maiores ídolos do clube. E, conhecendo a sua história de pensador, vai ter com o seu pensamento definitivo sobre futebol: “Algumas pessoas acreditam que futebol é questão de vida ou morte. Fico muito decepcionado com essa atitude. Eu posso assegurar que futebol é muito, muito mais importante”.